terça-feira, 6 de janeiro de 2009

TNT

“Creio num julgamento final que castigará àqueles que se atreveram a lucrar contra esta elevada arte” (Richard Wagner)


Ano passado descobri e participei de um sarau que fica bem próximo aqui da escola . Sarau, pra quem não sabe, é uma reunião informal com a participação de pessoas amantes da arte em suas mais variadas linguagens: pintura, artes plásticas, mímica, dança, performance, teatro e principalmente poesia e música. Conheci o Sarau do Povo através de uma revista de bairro. Assim que liguei pro responsável percebi que tinha encontrado mais um lugar pra gente vender nosso peixe e fiquei bem empolgado com as idéias dele. O jornalista Zeca Freitas vem organizando esse sarau há mais de um ano e apesar de pequeno e meio escondido, o espaço já tem seu público fiel e acontece religiosamente todo último sábado do mês. Me identifiquei bastante com a proposta do Zeca e imediatamente firmamos uma parceria. Logo de cara participei do sarau daquele mês e do mês seguinte também. Que eu me lembre, a primeira vez que participei de um foi em meados de 2005 no Clube Mané Garrincha que também fica aqui próximo da escola. Na época eu tinha um trabalho com o cantor André Machado e no mesmo dia que fomos conhecer acabamos dando uma canja com nosso set acústico. Achei o movimento fraco, a qualidade do som ruim e o lugar sem estrutura. Fiquei meio decepcionado principalmente por ser num clube municipal. Resolvemos não participar mais. Mas antes de conhecer o Sarau do Povo, me encontrei com a coordenadora do tal clube pra fazer uma divulgação da nossa escola. Ela então me contou que o sarau tinha se encerrado justamente naquela edição onde eu tinha tocado com o André. Não me surpreendi mas por curiosidade perguntei o porquê. Ela falou que não tinha o apoio de ninguém e nem um equipamento razoável pra manter o evento. Foi aí que, depois da experiência no sarau do Zé, me veio a idéia de inventar mais um espaço alternativo. Me lembrei da coordenadora do clube. Entrei em contato, e perguntei se ela gostaria de retomar aquele sarau. Ofereci o som e o apoio na organização e ela topou na hora. Marcou uma reunião e definiu que a gente poderia começar já no mês seguinte, porém sem nenhuma propaganda por causa do período eleitoral. Aceitei o desafio e marcamos a data. Ela entrou em contato com todos os artistas locais e confirmou com todos. Uma semana antes ela resolveu cancelar por problemas com a campanha política. Entendi numa boa e lá fomos nós marcar uma nova data. Dias antes novamente o cancelamento. Dessa vez resolveram marcar uma reunião com os artistas cadastrados e interessados na volta do sarau pra discutir o futuro daquele projeto. O final do ano já tava chegando mas mesmo assim fui otimista e acreditei que a gente poderia pelo menos deixar engatilhada a estréia do sarau. A reunião aconteceu e rolou numa boa com a presença de muita gente interessante. Ali senti que a coisa finalmente iria se desenrolar. Até apoio da prefeitura o clube conseguiu! Também mandaram um técnico de som pra explicar como funcionaria o equipamento disponibilizado pela secretaria de cultura. Com isso não seria mais necessário o nosso equipamento. A reunião seguiu firme: debatemos vários tópicos, ouvimos várias sugestões e definimos várias mudanças. E eu, como um dos integrantes da equipe responsável pelo evento, fiquei orgulhoso de ter conseguido resgatar aquilo. Preparei alguns alunos pra darem uma canja e o pessoal ficou bem empolgado. Seria a estréia de vários deles, e o som tava bonito e redondo. Pois na véspera do evento, quando liguei pra confirmar o horário, fiquei sabendo através da secretária que o sarau tinha sido cancelado! Porra! Me senti um marido traído. Além de cancelar, a infeliz nem pra me avisar! Não preciso nem escrever aqui como foi a frustração da moçada. Pedi desculpas e prometi a mim mesmo (e por isso tô publicando isso aqui) que nunca mais quero saber de combinar nada com o pessoal daquele clube. Mesmo com esse nome (Mané Garrincha), eles conseguiram abusar: vão levar o troféu TNT (todas na trave)


postado ao som de “Constelação” (Mariana Davies)

1 comentário:

  1. Então foi iiiiiiiiiiissso que aconteceu. Eu tinha ficado um bom tempo me perguntando. Mas diadema é assim, um querendo levantar e mais de mil pra empurrar de volta...

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