terça-feira, 31 de março de 2009

AUDIÇÃO GOSPEL

"Acredito em tudo aquilo que Jesus disse - amor, bondade, caridade - mas não acredito naquilo que os homens dizem que ele disse." (John Lennon)

Desde que a escola começou suas atividades no início de 2007 percebo que a quantidade de alunos evangélicos vem crescendo a cada dia. Nas duas vezes que parei pra catalogar os alunos por estilo não deu outra. Fiz a contagem em outubro do ano passado e em fevereiro desse ano. Nessa última o placar foi mais equilibrado mas lá estavam eles. Por conta desse resultado acho importante organizar um evento gospel o mais rápido possível. Tem muita gente boa, alunos sedentos de informação e abertos a vários gêneros. Dá pra montar várias bandas e não quero perder a oportunidade de reunir esse povo. Nessa expectativa acabei tendo a idéia de preparar uma audição pra eles numa igreja e não num teatro qualquer como já havia prometido antes. Tenho conversado com vários alunos pra tentar descolar uma igreja com uma estrutura legal, com espaço suficiente pra acomodar todos os músicos e seus parentes e amigos além dos membros da própria igreja anfitriã. Ainda não encontrei mas já tô negociando com um aluno de teclado que é filho de um pastor. Ele me disse que seu pai ficou de estudar o caso só aguardando a resposta de Deus. Achei curioso mas respeitei a postura deles. Só fiquei me perguntando qual seria o motivo pelo qual Deus não se agradaria de uma reunião dessas com irmãos de várias igrejas num único objetivo: cantar, tocar e louvar ao Senhor. Se Deus disser que não, tudo bem. O problema é quando o homem confunde os sinais ou interpreta errado uma mensagem Dele. Depois daquele episódio do “pastor” que queria comer a esposa do outro dizendo que foi a vontade de Deus, não me surpreendo com mais nada. Mas nesse caso prefiro acreditar na boa fé desse pastor caso ocorra uma negativa e continuar tentando com outros irmãos. Vamos ver.

Postado ao som de “Alma Gêmea” (Fábio Junior)

segunda-feira, 30 de março de 2009

MEL NA BOCA

"Música antes de mais nada." (Paul Verlaine)

Todo mundo adorou a bagunça que rolou no sábado e a galera tá pilhada me pedindo pra fazer isso mais vezes. Chegaram a falar em reuniões mensais. Fiquei de estudar e consultar todo mundo pra ver se dá tempo pra preparar repertório, ensaiar todo mundo, essas coisas. Confesso que também adorei essa idéia e se depender de mim no final de abril tem mais.

Postado ao som de “Insensato Destino” (Almir Guineto)

domingo, 29 de março de 2009

MUDARAM AS ESTAÇÕES E NADA MUDOU


"Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes." (Gilbert Keith Chesterton)

No dia 27 de março o maior cantor e poeta da história do rock nacional faria 49 anos. O tempo passa mas ainda me emociono com a poesia e as interpretações dele em várias canções que me marcaram. Foi uma das pessoas mais influentes na minha história e fundamental na minha trajetória musical. Minha lembrança de como tudo começou lá pelos meados da década de 80 ainda é muito forte. Lembro claramente que quando a Legião Urbana lançou seu primeiro disco em 1985, a febre do momento era o Rock in Rio. O disco passou meio batido por causa desse festival mas um carinha da minha turma comprou a bolacha e antes que ”Será” começasse a tocar nas rádios eu, que já tinha caído de boca no pop rock carioca da Blitz, Lulu Santos, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho com Cazuza, fiquei conhecendo todo o disco. Na verdade eu já tinha ouvido algum material dos caras antes mesmo do lançamento porque na época eu só ouvia a rádio Fluminense FM. Essa rádio alternativa, que surgiu junto com o boom de bandas de rock, abriu espaço pra todos os grupos amadores que pipocavam e passou a apresentar ao publico suas gravações demos. Foi nessa rádio que ouvi pela primeira vez Ira!, Capital Inicial, Plebe Rude, Violeta de Outono, entre outros. E foi assim com a Legião. Ao examinar a capa daquele disco, estranhei o fato de não conter nenhuma foto do grupo. E no encarte preto e branco, somente com desenhos egípcios, estavam as letras que me chamaram a atenção pela temática e riqueza. Eu nunca tinha lido nada parecido. Ouvindo o disco, eu e meus amigos fomos incorporando aquelas canções que, mesmo sem um apelo comercial, grudavam nas nossas cabeças. Me surpreendi muito com a última faixa: com praticamente todas as canções cruas e abusando de guitarras, o disco termina com uma música cheia de teclados e com bateria eletrônica, que chamava-se “Por Enquanto” (mais tarde popularizada por uma tal de Cássia Eller!). Depois de ouvir isso, perdi um pouco do preconceito que eu tinha com a tecladeira no rock. A possibilidade de assistir ao grupo num espaço pequeno onde se pudesse ficar colado no palco acabou quando o segundo disco saiu. Pirei com aquelas canções e letras que me instigavam a ler. Fui atrás e descobri que “Baader-Meinhof” do primeiro disco era um grupo terrorista alemão. Que “Andrea Dória” na verdade foi um navio que afundou e não a musa inspiradora daqueles versos. Aprendi que a gente podia falar de amor sem ser piegas e sem cair em banalidades com “Eduardo e Mônica” que eu cantava e tocava no violão com emoção e a expectativa de quem um dia poderia viver aquilo. Naquele período as letras me ajudaram muito a segurar a barra pesada de ter uma família desestruturada. Quando eu tava muito down e ouvia as letras e os discursos do Renato em shows gravados em fitas K7, as coisas na minha cabeça mudavam e eu me fortalecia. Frases como "eu vou conseguir", "a amizade é o mais importante"ou "mesmo que tudo pareça perdido tenho certeza que existe alguém que vai querer ti ajudar" bradadas em alto e bom tom entre uma música e outra, eram a minha droga. Elas me confortavam e me davam esperança. E assim minha idolatria por essa espécie de "irmão mais velho" foi ficando maior. Eu começava a tocar violão e montei uma banda com minha patota. Batizada Dinastia, com ela executávamos covers de Ira!, Paralamas, Plebe e naturalmente Legião. Assim, antes do terceiro disco sair, já era familiar pra todos nós o hino Que País É Este? que tiramos de uma daquelas fitas piratas e passamos a tocar. Dessas fitas tirei também a quilométrica “Faroeste Caboclo”. Ninguém entendeu nada na minha rua quando apareci com aqueles 159 versos na ponta da língua e todos os acordes da música na ponta dos dedos antes mesmo dela chegar ao grande público. Como grande fã que era, eu procurava e devorava qualquer texto que falasse da banda ou do seu líder. Infelizmente eram raras as aparições na televisão. A MTV ainda não tava no ar. Quando faziam algum programa global como o famigerado Globo de Ouro que colocou “Faroeste Caboclo” em primeiro lugar e deixou o grupo tocar ao vivo (era sempre playback) desde que omitisse o filha da puta da letra, ou participavam de especiais como o do Paralamas ou do "romântico" Chico & Caetano, era uma festa pra gente e matéria especial em revistas de música. No Fantástico só apareceram naquele fatídico episódio em que num show em Brasília, um xarope subiu no palco, pulou nas costas do Renato e tentou enforcá-lo. A carência de imagens era suprida com as revistas. Eu colecionava a revista Bizz, única no mercado que acompanhava bem de perto todo o movimento do rock tupiniquim. Mas minha carência seria bem suprida. Em meados de 89, recebi um convite de um amigo e resolvi me mudar pra São Paulo por causa dos conflitos em casa, da falta de oportunidade profissional e da violência da "cidade maravilhosa". Marquei viagem pro dia 19 de junho e no dia anterior fui resolver alguns assuntos e me despedir de uma guria no centro do Rio. Nesse dia, assim que cheguei ao centro, comprei uma edição da revista Bizz que publicava a terceira parte da biografia da Legião. Não abri porque queria ler com calma dentro do ônibus na volta pra casa. Resolvidas as últimas pendengas, sigo eu pela avenida Rio Branco (a avenida paulista do Rio) em direção ao trabalho da tal moça quando, próximo a Cinelândia, avisto um sujeito muito branco vindo em minha direção que chama minha atenção pela semelhança com o Renato. Ao se aproximar olho pro sujeito novamente e...meu Deus! Era o próprio!! Meio assustado e sem saber o que fazer minha única reação a princípio foi, num reflexo, balançar a cabeça pra ele. Como vinha caminhando distraído, ele se surpreendeu com o meu cumprimento e somente levantou a sombrancelha timidamente. Parei e olhei pra trás. Aquilo era um sonho. O meu maior ídolo, uma celebridade, ao vivo e a cores ali na minha frente seguia tranquilo sem ser reconhecido por ninguém! Eu que detestava tietagem fiquei me perguntando se não deveria abordá-lo, afinal de contas aquele ali que estava indo embora era o meu maior guru. Ele atravessou uma rua, parou em frente ao vidro fumê de uma agência do Banco do Brasil e começou a ajeitar o seu cabelo. Era um corte muito feio com uns fiapos de topete caindo na testa e aparado com máquina dois nas laterais. Usava uma calça de couro preta e carregava debaixo do braço direito três livros grossos tipo enciclopédia. Imaginei que ele tivesse saindo da biblioteca nacional que fica bem próxima dali. Com o coração disparado resolvi falar com ele. Antes de terminar sua ajeitada no pêlo, me aproximei. "Oi Renato!" disse com minha mão estendida tentando esconder meu nervosismo. "Sou super fã da banda!". Ele, que certamente lembrou que eu acabara de passar por ele, ficou meio sem jeito, trocou os livros de braço, apertou a minha mão e soltou um "oi" tímido. Estava sério e cabreiro. Me esforcei pra passar naturalidade, fingi que estava indo na mesma direção que ele e puxei conversa. "Poxa! O disco novo tá demorando pra caramba pra sair, hein? O que é que houve?" disse me referindo ao que seria o "Quatro Estações". Ele respondeu: "Sabe o que é? É que eu tô com muitas dificuldades com as letras e também tem o lance do Billy ter saído!" (Billy ou Renato Rocha, foi o baixista dos três primeiros discos que foi dispensado da banda porque pirou com as drogas no auge da fama). Seguiu ele: "Na verdade voltamos as nossas origens agora. No início da banda éramos só nós três: eu, o Dado e o Bonfá..." tentava ele me explicar achando que eu era um leigo. Talvez me achasse um fã de FM pela minha aparência, pelas roupas que eu trajava: calça jeans nova, camisa gola polo e sapatinho dockside somados a uma carinha de baby johnson com cabelinho curto e penteado (juro que só vesti aquele troço e me produzi porque fui me encontrar com aquela menina. Que merda!). Aquelas explicações me incomodaram um pouco e imediatamente interrompi o cara: "Eu sei! Eu sei! Conheço toda história da banda!". Enquanto seguia ao seu lado trocando a maior idéia, eu olhava pras pessoas e ficava admirado por ninguém reconhecê-lo. Lembrei dos meus amigos: "Caraca! Se eles me vissem agora!". Tenso o tempo todo, consegui representar pra ele uma calma que não existia. Assim ele foi se soltando e ficando mais simpático."Vocês ensaiam na Ilha do Governador, né? Joguei essa sabendo que a banda ensaiava no mesmo bairro que Renato morava. E como ele deu a mão eu quis o resto. "Então, como é que eu faço pra assistir um ensaio de vocês?" Ele veio com essa: "Ah não! É complicado. Eu tenho vergonha!". Achei graça "Ah! Que é que há!?". Lembrei de um amigo do baterista da minha banda que era roadie da Legião e tinha prometido nos levar pra assistí-los. Resolvi simplicar e apelei: "Pô, pensei que era tranquilo porque um amigo meu roadie de vocês ficou de descolar um ensaio pra gente ver..." Aí ele me quebrou: "Qual o nome dele?" Como eu não sabia o nome da figura tive que explicar que na verdade o tal roadie era amigo do meu batera, blá, blá, blá. Acho que ele não acreditou e achou que eu estava jogando verde pra colher maduro. Depois de alguns quarteirões grudado nele, lembrei do encontro com a garota. Olhei no relógio e vi que me atrasaria muito se continuasse ali pentelhando o cara. Ele entrou numa banca de jornal e foi ali que, muito a contragosto, resolvi me despedir. "Cara, foi um grande prazer ti conhecer pessoalmente. Sucesso!" Foram minhas últimas palavras ao apertar mais uma vez aquela mão que um dia escreveria “Metal Contra As Nuvens”, “Só Por Hoje” e “Antes das Seis”. Sai dali extasiado mas logo em seguida brochei. Fiquei chateado por achar que poderia ter conseguido mais coisas. Será que eu teria balançado o cara se ao invés de dizer de forma educada e simpática "sou fã da banda" eu dissesse eufórico e emocionado "sou seu fã desde sempre e você representa pra mim o que o Bob Dylan representa pra você" (ele era fanático por Bob Dylan). Será que seu eu estivesse todo largado, usando meu jeans surrado com aquele par de tênis adidas branco, velho e sujo mais a minha camiseta preta do Joy Division, não teria cativado o ex-punk? Mil coisas passaram pela minha cabeça nos dias que sucederam aquele encontro e até hoje me pergunto se tudo seria diferente se eu tivesse falado as coisas certas. É tão difícil acertar nessas circunstâncias. E ao descobrir que aquela revista Bizz que eu tinha acabado de comprar continha uma foto de página inteira dele com uma camisa branca, me arrependi de não ter pedido seu autográfo. O espaço na camisa era perfeito. Fazer o quê? Paciência. Alguns meses depois saiu o quarto disco (o primeiro em CD) que pela serenidade, clima religioso e letras sobre solidão, amizade e família me tocaram fundo. Logo em seguida, antes do final desse ano, Renato sai do armário numa entrevista à mesma revista Bizz. Lembro como se fosse ontem: eu voltava pra casa e dentro do ônibus fiquei surpreso e perplexo quando li o trecho onde ele assumia sua condição de homossexual. Reli várias vezes pra ter certeza de que aquilo era mesmo uma revelação. Minha admiração e meu respeito por ele não mudaram em nada. Fiz uma retrospectiva da sua obra e detectei em “Soldados” (tenho medo de lhe dizer o que eu quero tanto) e em “Daniel Na cova Dos Leões” (teu corpo é meu espelho e em ti navego) citações que remetem ao universo gay. Ao contrário do espalhafatoso Cazuza, outro monstro sagrado pra mim, Renato foi discreto e escondeu de todos sua opção sexual até quando quis. Tive a oportunidade e o privilégio de ver o lançamento do Quatro Estações nos shows que aconteceram em São Paulo, no Parque Antártica em 90. Fui nos dois dias mas fiquei com o gostinho de quero mais na boca. No primeiro dia fiquei nas arquibancadas e não deu pra curtir tanto o show. Mas me emocionei com a queima de fogos no final ao som de “Rapsody in Blue” de George Gershwin. Já no segundo dia cheguei mais cedo e fui pra pista. Posicionado a alguns metros do palco pude constatar bem de perto a loucura que era assistir a Legião Urbana ao vivo. A energia da banda, a performance do Renato, a emoção do público. Até situações engraçadas como a cena do Renato dando esporro no Fred Nascimento (músico de apoio na época e que hoje acompanha o Capital Inicial) que insistia em acompanhá-lo ao violão numa música improvisada pelo cantor à capella ficaram na minha memória. Renato falava: "Eu não tenho vergonha do que eu faço no banheiro nem da minha vida sexual!" ou "Não consigo cantar que o Brasil é o país do futuro com tudo que tá acontecendo nesse país!" e inflamava a galera. Tudo era perfeito. Tudo era bonito. Tudo era poesia! Este foi com certeza o show da minha vida. Eu já podia morrer! Alguns anos depois, quando saiu o quinto trabalho do grupo, fui morar sozinho. Me apaixonei por uma ninfeta que trabalhava comigo mas ela não me quis. O disco, intitulado V embalou minha solidão e a minha fossa naqueles dias e “Vento no Litoral” era o tema daquela paixão não correspondida. Assim Renato ia montando a trilha sonora da minha vida.
Durante todos aqueles anos Renato foi também uma grande influência como cantor. Eu, que gostava de cantar desde meus 4 anos, passei a imitá-lo. Colocava um disco pra rolar e cantava junto todas as músicas, ora interpretando, ora berrando. Foi uma escola e tanto. Quando saiu o sexto disco, O Descobrimento Do Brasil, eu já tinha desencanado um pouco de rock e começava a estudar música. Mas comprei o disco e achei maravilhoso aquele pop de bom gosto em letras profundamente pessoais. A década de 90 foi passando e fui me afastando cada vez mais do rock. Passei a ouvir e tocar gêneros como blues, choro, mpb, samba tradicional e jazz entre outros. Música bem diferente, outra onda. E talvez esse distanciamento do grupo tenha amortecido um pouco o baque pela morte do Renato. Quando uma amiga me ligou ao meio-dia daquele 11 de outubro de 1996 me dando a notícia, inicialmente fiquei muito surpreso porque nem sabia que ele tava doente, já que não acompanhava mais de perto a carreira da banda. Passei o resto do dia agitado, gravando tudo que passava na televisão. No noticiário seu médico dizia que ele descobrira ser portador do vírus em 89. Lembrei dele me dizendo "tô tendo problemas com as letras". Será? Depois que caiu a ficha de que Renato não estava mais entre nós, bateu a tristeza. Acho que se acontecesse hoje eu ficaria arrasado mas naquele momento eu tava estranho e não chorei. Não sei explicar. Talvez a música instrumental que eu praticava naqueles dias tivesse me deixado frio, racional demais. Felizmente em meados de 2001, enxerguei minha realidade e vi que aquela masturbação sonora chamada de música instrumental não me levaria a lugar nenhum. Quando comecei a ouvir o disco ao vivo Como É Que Se Diz Eu Te Amo, me deu uma puta vontade de fazer aquele tipo de som, naquele formato, pra cativar as pessoas e passar coisas legais. Lembrei de uma frase do Renato que dizia que uma canção pop é uma vida inteira em três minutos. Resolvi largar todos os projetos com aquele som “cabeça" e investir numa idéia antiga: fazer música com o coração. Era isso. Como o alquimista do Paulo Coelho, descobri que meu caminho na música era simples e sempre esteve do meu lado, nas minhas raízes. Me senti leve. Peguei o meu vinil do Quatro Estações que depois de alguns anos guardado e esquecido, voltou a rodar na minha vitrola. Que sensação boa! Há tempos não me sentia tão bem apenas por ouvir música. Quando a faixa que encerra o disco “Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar” começou a tocar, não consegui conter as lágrimas. Foi um choro inexplicável, um choro bom, um choro de felicidade. Como num reencontro com um velho amigo. Voltei a ouvir rock e a escrever letras. E talvez tentando me redimir do meu breve abandono ao poeta e também tomado de uma nostalgia num momento em que me sinto meio depressivo e muito emotivo, tentei resumir nesse texto o que representou pra mim esse ser humano chamado Renato Russo. Um pouco do que sou e penso devo à sua existência, às suas letras universais, à sua música, enfim, à sua obra. Tento seguir a sua cartilha sempre que posso e consigo. Então encerro esse texto compartilhando com todos a pequena frase que precedia seus autográfos: "Força Sempre".


Postado ao som de "Porquá Mecê" (Os Mulheres Negras)

sábado, 28 de março de 2009

ANIVERSÁRIO

"Não estou tocando para outros músicos. Estamos tentando alcançar o cara que trabalha o dia todo e quer gastar um trocado à noite. Vamos mantê-lo feliz." (Nat King Cole)

Mesmo não sendo um puta espetáculo com canjas de alto nível achei que foi válida a reunião dos alunos pra comemorar os dois anos de escola. O pessoal se comprometeu a trazer o rango e não é que eles capricharam? Teve torta, bolinho de queijo, coxinha, bolo gelado e até esfihas do Habib´s. Esperava mais gente mas caiu uma chuvinha chata e acho que isso atrapalhou bastante. Das quase 30 pessoas que compareceram, mais da metade deu canja. William (guitarra), Larissa (violão) e Cebola (bateria) arriscaram a primeira parte de “Another Brick on the Wall” do Pink Floyd mas não saíram disso. Felipe (guitarra), William (violão) e Larissa (bateria) tentaram improvisar um blues mas como ainda estão crus nesse estilo, o som soou meio “alternativo”. A música “O Sol” do Jota Quest foi uma das poucas que saiu redondinha já que é o grande hit da escola por ter somente quatro acordes e quase todo mundo saber tocar. A melhor versão dela ficou por conta da Larissa nos vocais, Mauro (violão de nylon), William (violão de aço), Felipe Carvalho (guitarra), Lucas (contrabaixo) e João Paulo (bateria), grupo esse que nunca tocou junto e se não me engano, nunca se encontraram antes! Os irmãos Souza também marcaram presença. Duartinho e Beto deram uma palhinha tocando a abertura de “Rock and Roll” do Led Zeppelin e deixaram os roqueiros de plantão instigados. Quem roubou a cena como sempre foi a Catarina. Mesmo sem poder tocar seu violão por causa do braço machucado, ela cantou alguns clássicos e agitou a galera. Meu irmão pegou o baixo, eu improvisei no violão e o batera João Paulo segurou a onda nas músicas “ambalaya”, “Oh Carol” (participação do Duartinho na guitarra), “Have You Ever Seen The Rain” (participação do Rommel na guitarra) e as caipiras “Saudadesda Minha Terra” e “Fio de Cabelo” na saideira e, pra minha surpresa, com o coro da maioria da molecada roqueira! Bem legal. Além de acompanhar a Catarina, fui intimado pela Elzi a tocar “Parabéns Pra Você” no violão plugado. Toquei em F e a turma toda cantou em uníssono. Momento bacana num dia onde a animação e a descontração valeram mais do que qualquer apresentação com repertório bem ensaiado mas cheia de nervosismo e insegurança. Ano que vem tem mais se Deus quiser.

Postado ao som de “Private Investigation” (Dire Straits)

domingo, 22 de março de 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

CARRINHO DE FEIRA

"Você vê mais violência em um desenho do Tom & Jerry do que em um show meu. Crianças assistem um rato ter seu cérebro esmagado todos os dias na TV." (Ozzy Osbourne)

Ainda não consegui sentar com calma pra começar a ensinar música pras minhas filhas como havia me programado no início do ano. Um pouco por conta da correria mas também por preguiça e falta de disciplina minha. Entretanto o pouco que trabalhei já deu algum resultado. Passei uma seqüência de acordes pra Nathalia usando a música “Twist and Shout” dos Beatles que só tem 3 acordes (C, F e G) e ela até que pegou rápido. Também passei uma nova levada de bateria pra Lorena com variação na caixa que soa meio surf music e ela também saiu tocando. Essa condução lembra o refrão de “Anna Julia” dos Los Hermanos ou “Cara Estranho” do mesmo grupo. Assim ela já conseguiria enganar dando uma canja desde que conseguisse manter o ritmo por alguns minutos. E isso é o que tenho que trabalhar. Ainda bem que ela tá estudando bateria porque se fosse violão eu teria que explicar melhor aquilo que ela olha no meu caderno e chama de carrinho de feira.

Postado ao som de “Acima do Sol” (Skank)

quinta-feira, 19 de março de 2009

PROFESSORA ELIETE

“A morte, para chamá-la por seu nome, é a real finalidade de nossa vida. Por isso é que de uns anos pra cá fiz relação com esta verdadeira amiga do homem.” (Wolfgang Amadeus Mozart)

Fiquei meio chateado hoje cedo. Fiquei sabendo por acaso, através de um aluno, que a pianista, professora e fundadora do Musical Eliete tinha falecido. A escola que ela montou é uma das mais antigas do ABC e tá em atividade há quase 40 anos. Tive a honra de conhecer essa grande mulher e trabalhar pra ela. Eu já sabia que ela tava bem doente, com diabetes, e que tava praticamente cega e por isso não me surpreendi tanto com a notícia. Mas a tristeza é por lembrar dela como uma senhora simpática que, apesar do pouco contato que tinha comigo e de conhecer bem pouco da minha pessoa, sempre me tratou com respeito e muito carinho. Quando ela vinha toda sorridente pra mim e me abraçava fazendo elogios ao meu trabalho eu ficava orgulhoso mas sem graça porque sabia da sua fama: ela foi durante muitos anos uma daquelas professoras linha dura, bem conservadora, que não admitia de jeito nenhum que um de seus professores saísse da grade da programação ou usasse outra metodologia que não fosse a sua. Fiquei sabendo que ela mudou muito ao longo dos anos pois foi vendo que a gente tinha que se moldar conforme o aluno e ser mais flexível na hora de negociar o repertório e passar as matérias. Meu último contato com ela foi no final de 2007, na audição da sua escola. Lembro muito bem do momento em que ela me chamou. Eu tava tirando foto com uma funcionária da escola e ela veio me cumprimentar. Como sempre, fiquei com vergonha e sai logo. Ela foi tirar uma foto com essa mesma funcionária e foi embora. Foi aí que me toquei: eu não chamei o fotógrafo (que ficava disponível pra gente o tempo todo) e perdi minha chance de registrar aquele momento com ela. Como sabia de sua doença, ali na hora tive raiva de mim pelo meu vacilo e lamentei pois no meu íntimo eu sabia que não teria outra chance. Infelizmente eu tava certo. À Dona Eliete, que dedicou sua vida ao ensino da música, quero agradecer pela oportunidade que me deu de trabalhar e aprender mais sobre esse ofício.

Postado ao som de “Bittersweet Symphony” (Verve)

quarta-feira, 18 de março de 2009

VALE DO PIRAPORINHA

“São as águas de março fechando o verão e a promessa de vida no seu coração” (Tom Jobim)


Ontem foi um dia bem diferente pra mim. Sai dessa rotina casa-escola/escola-casa quando no meio do dia fui ao centro de São Bernardo resolver um assunto no CAPS. Aproveitei pra passar no Poupatempo onde tem uma agência do Banco do Povo. Lá fui me informar sobre empréstimos já que tô doido pra comprar um saxofone pra mim e um piano pra escola. Assim que sai de lá caiu um toró daqueles. Foi o tempo certo pra eu pegar o troleibus, viajar por dez minutos pra chegar na escola e tudo parar. O largo do Piraporinha virou um rio e as cenas que assisti foram dignas do programa do Datena: gente isolada em posto de gasolina, gente nas lojas com água até a cintura, carros boiando e batendo em seguida em outros que já tinham praticamente afundado no lamaçal. Nunca tinha visto aquilo ao vivo. Pra gente que trabalha no segundo andar do prédio, aquilo virou cinema. Todo mundo parando de trabalhar pra ficar fotografando ou filmando a desgraça alheia. Como meus alunos não apareceram e fiquei coçando o saco que também ficou cheio depois de ver tanta merda e tanta água, resolvi adiantar a minha vida terminando os arranjos das duas músicas que fiz na semana passada. Uma com letra da Larissa e a outra com letra do Lucas, ambos alunos do meu irmão. Quer dizer, se não fosse essa forte chuva que deixou todo mundo parado e isolado, eu não teria conseguido fazer uma tarefa que venho empurrando com a barriga por vários dias. Mas ê diazinho esquisito, hein?


Postado ao som de “A Outra” (Marcelo Camelo)

segunda-feira, 16 de março de 2009

SEGUNDO ANO

"Talvez isso tudo seja um sonho feliz, e talvez não dê certo. Mas eu vou tentar, e me esforçar, daí vocês não poderão me culpar por tentar." (Nat King Cole)



Hoje a Catarina me ligou. Ela é aquela coroa prafrentex que tocou violão e cantou um rock and roll com a gente no bar e foi minha aluna de teclado até o final do ano passado. Ligou pra dizer que vai voltar a fazer aula nesse semestre ainda e pra perguntar se vamos fazer uma festa no último sábado de março pra comemorar o aniversário de 2 anos da escola. É que ano passado, justamente no final de março que é mais ou menos o momento de 2007 em que a escola começou a bombar, fizemos uma reunião com alguns alunos pra festejar o primeiro aniversário. Naquela época teve um aluno que trouxe bolo (a mãe do cara era boleira!), outros que vieram com salgadinhos, doces, refrigerantes e até aquele que trouxe uma garrafa de vinho. Achei legal aquela reunião informal, a galera se conhecendo melhor, conversando sobre outros assuntos já que não tava mais rolando aula. E como a Catarina foi uma das participantes mais ativas e alegres do grupo, achou uma boa idéia a gente repetir a dose. Eu sinceramente até cheguei a pensar em fazer alguma coisa pra não passar em branco e queria marcar o segundo ano da nossa escola com a audição dos alunos mas como as datas ficaram apertadas e o a audição acabou ficando pra abril, acabei desencanando. Mas ela insistiu e começou a botar pilha falando que a gente não tinha que necessariamente levar um bolo, que bastava uns comes e bebes, que ela levaria umas esfihas e tal. Fiquei pensando no assunto e depois do telefonema dela comecei a imaginar a cena e fiquei me perguntando: será que a galera iria curtir? Será que a escola comportaria o pessoal que viesse? Tudo bem que hoje em dia o número de alunos aumentou em relação ao ano passado mas agora a escola também conta com mais uma sala pra compensar. Mas e se o pessoal não colaborar e ficar só nos refris? E se eu cancelar as aulas de teoria e não aparecer quase ninguém? Comecei a consultar os alunos e todo mundo gostou da idéia. Falei com meu irmão e ele ficou meio grilado. Não achou boa a idéia já que sábado pra ele é um dia difícil e o cancelamento de algumas aulas poderia desagradar alguns alunos e depois ficaria difícil pra repor. Falei que a gente poderia começar lá pras cinco da tarde e aí não sacrificaria quase ninguém. Ele ficou indiferente e deixou por minha conta. Acabei decidindo por fazer a tal “festa”. Vou pedir pra todo mundo trazer alguma coisa já que, pra variar, a gente tá duro, vendendo o almoço pra comprar a janta. Então é só todo mundo ajudar trazendo as bebidas mas principalmente algo pra mastigar porque todo sábado no final da tarde eu tô morto de fome.



Postado ao som de “Cegos do Castelo” (Titãs)

sexta-feira, 13 de março de 2009

VAGAS ABERTAS

"Um monte de gente não quer tomar suas próprias decisões. São medrosas demais. É mais fácil para elas serem comandadas." (Marilyn Manson)



Fiquei sem internet nos últimos dias e aproveitei pra adiantar algumas coisas que não vinha conseguindo fazer grudado na telinha: compus algumas músicas com as letras de alguns alunos e consegui mexer com algum material de divulgação da escola que tava encostado. Em relação a audição dos alunos resolvi fechar a lista dos nomes de quem realmente vai participar. Tem gente fazendo cu doce, tem aluno estrela que não quer mostrar sua musica com medo de que roubem, tem aluno fera que tá com cagaço, tem de tudo. Mas não vamos ficar lambendo mais ninguém, não quer tocar, não toca. Sábado vou completar a lista e fecho o repertório. E por falar em lista nesse mês não vou publicar os itens do Procuca como havia prometido. Vou deixar essa pro mês que vem porque vou precisar montar a lista das atividades da preparação desse evento dos alunos. Vou precisar de muita gente me ajudando em cada função pra dar tudo certo. Quem aí se candidata? E em que função?



Postado ao som de “Lift Me Up” (Moby)

terça-feira, 10 de março de 2009

VERSOS AZUIS

“Não consigo mais escrever canções no tradicional estilo rock, para mim isto é chato. Procuro trazer o que existe de mais pesado de dentro de mim, mas também algo funkeado.” (Glenn Hughes)

Resolvi montar mais um blog e dessa vez só pra postar nossas letras. Como tô vendo um monte de gente tentando escrever, fazer música e eu voltando a compor tanto com meu material como com o material da turma, acho interessante organizar isso. E como tudo isso tá associado a escola montei o blog somente com textos de pessoas que tenham algum vinculo com a gente. Espero que mais e mais alunos comecem a escrever e a compor. Quem sabe a até no final do ano a gente não tem algumas coletâneas com bastante coisa interessante?

Postado ao som de Cry Me a River” (Marisa Monte e Raphael Rabello)

segunda-feira, 9 de março de 2009

MINHA KLIPTONITA


"Quando você pode transar com todas as mulheres do mundo, tudo fica meio sem graça."(Liam Gallagher)


Ontem foi o dia internacional da mulher. Pensei em vir aqui e encher a página com grande nomes da nossa música ou de vários talentos que me influenciaram, mas não o fiz. Também pensei em deixar um recado bem carinhoso pra minhas alunas, amigas e outras que tanto adoro mas também desisti. Aí fiquei pensando no que todas elas representaram e representam na minha vida e comecei a fazer uma retrospectiva pra tentar entender porque gosto demais dessa raça que faz tanta diferença na vida da gente. E descobri que minha história com elas sempre foi bem difícil. Desde o início as coisas foram complicadas. Quando nasci, minha mãe, uma menina de 17 anos do interior de Minas Gerais, não tendo a menor idéia de como cuidar de um bebê, chamou minha tia, irmã do meu pai, pra ajudar a cuidar de mim. Apesar de ser mais velha, a coisa toda não deu muito certo: num dos meus banhos diários ela me deixou cair da banheira e até hoje não sei direito quais as seqüelas dessa queda. Ou seja, quebrei a cara logo cedo por causa delas. Mais tarde, já mais "maduro", conheci uma outra tia adolescente e safadinha que resolveu me molestar sexualmente. Ela quis me fazer de seu brinquedinho quando eu tava no auge dos meus 5 aninhos. Quando nos visitava, de madrugada ela me acordava pra fazer minha mão passear pela mata do governo e pelo Pico do Jaraguá. Eu não tinha muita noção do que era exatamente aquilo mas lembro que era bom. Uma sensação estranha e gostosa que normalmente uma criança dessa idade não experimenta. E eu até queria mais mas nem sabia o quê. Depois disso, passei a olhar as mulheres um pouquinho diferente. E isso começou a se manifestar até nas minhas brincadeiras de filho único. Quando ganhei meu Forte Apache aos 6 anos eu não queria saber de guerra e nem dos soldadinhos matando os índios. Eu sempre fazia com que eles ficassem numa boa e não via a hora da brincadeira terminar. É que no final da história o capitão sempre levava a índia mais bonita pra um passeio nas montanhas. Lá os meus dois bonequinhos faziam amor sem culpa. Aos 7 anos conheci Adriana que por ser a mais velha da nossa turminha era a mais entendida em assuntos de adultos. Sua mãe era separada e sempre levava seus namorados pra casa. A menina aprendeu direitinho vendo os namoricos da mama e quis colocar em prática comigo e com meu amiguinho Eduardo. E lá fomos nós pro terraço daquele prédio de dez andares fazer saliência. Desde sempre mimado quis ser o primeiro mas Eduardo reclamou. Fiz cú doce e blefei dizendo que se eu não fosse o primeiro eu não queria. Os dois entraram na minha. Assim tive minha primeira experiência sexual. Ou quase isso. Sem saber direito como fazer, deitei sobre a menina e apontei meu pintinho pra sua perereca lisa e branca. Deitei com cuidado pra não perder a mira e assim não sair nada errado. A direção foi perfeita mas como eu não sabia que o encaixe também fazia parte da mecânica do negócio, o movimento de vai e vem sobre ela logo perdeu a graça e com mais ou menos uns 2 minutos me levantei e fui embora. Então era isso? Que merda! Mas por causa dessas primeiras situações na minha primeira infância cresci um menino inquieto e sempre fica meio deslocado quando o assunto era mulher. Quando me apaixonei por Ana Lucia, uma menina de 8 anos da minha turma da escola, meus pais se separaram. Fui morar num bairro distante e não sabia o que era pior: ver meus pais se distanciando ou ficar longe do meu amorzinho. Sai de um bairro com praia, naquela bela zona sul do Rio sem a violência que existe hoje e fui morar num distante subúrbio perto da linha do trem onde a malandragem ficava mais próxima, a vida era mais precária e difícil e as meninas eram bem mais assanhadas. Mesmo assim fui me retraindo por causa da minha situação: morava mal, não tinha amiguinhos como Eduardo, Ana Lucia e Adriana, minha mãe que não me orientava nem me passava valores, ficou namoradeira e quase me causa um complexo de Édipo. Foi no meu aniversário de 8 anos que tive minha primeira crise existencial mas obviamente nem sabia o que era depressão. Comecei a me tornar uma criança introspectiva e ao entrar na adolescência comecei a ter dificuldades com as meninas por causa do meu complexo de inferioridade que começava e se desenvolver. E foi sem querer, com a água, que descobri uma forma de me distrair e suprir a falta de contato com as garotinhas. Assim como Dorival Caymmi, que teve sua primeira “transa” num rio quando a água bateu de jeito lá na zona do agrião, também descobri sozinho aquela sensação maravilhosa com a água do chuveiro, com aquele jatinho d´água batendo no lugar certo. Se somente com aquela torneira eu ia aos céus imaginei então como seria se eu tivesse um melhor controle da situação, manuseando o meu amiguinho? E foi assim que descobri a masturbação que passou a fazer parte da minha rotina, minha grande companheira. Como a testoterona aumentava e cada ventinho que batia ali já me deixava naquele estado, me tornei um onanista profissional chegando a ganhar um segundo lugar num campeonato que aconteceu na minha rua. E pro meu azar, no meu quarteirão e na nossa turma praticamente não existia meninas da nossa idade. Assim, além de algumas mamães e irmãs mais velhas de alguns amigos, eu me acabava “homenageando” a Vera Fisher, a Magda Cotrofe ou a Monique Evans com minha coleção de Playboy e Ele e Ela. Com isso minha luxúria foi crescendo e minha timidez também. Começaram os amores platônicos. E o incrível é que mesmo sendo o baixinho pobretão, meio bichinho-do-mato eu era requisitado pelas meninas ou sempre ganhava os brotos só com meu olhar de peixe morto. O tal olhar 43 que eu adorava lançar era só pra minha auto afirmação, mas na hora da verdade, de chegar junto mesmo, eu fugia com medo. Então sofria a pressão dos amigos e das próprias garotas. Cheguei a ser chamado de otário por uma gata na frente da minha turma que não deixava barato. Como na época eu já exercitava meus dotes de ator, esnobava: “ela não faz meu tipo!” Mentira. Por dentro eu morria de vontade de ir lá. Mas várias dessas gurias tempos depois passavam por mim ou grávidas ou totalmente zoadas por drogas ou por terem se envolvido com algum delinquente ou com algum cafajeste. Bendita timidez?! Mas sofri pra valer com minha primeira grande paixão: Andréia Amaral. Eu tinha dezesseis e ela quatorze. Nunca consegui falar com ela mesmo depois de meses de recadinhos, olhares, flertes e insistência da parte dela. Meu caso era sério e eu não tinha com quem conversar ou amigos pra me ajudar. A vergonha da minha família e o medo de não corresponder as expectativas dela eram meus grandes inimigos, o que me bloqueava. Por causa dela aprendi a criar minhas historinhas e fantasiar pra segurar a onda. Molhei muitas vezes meu travesseiro ouvindo Tolices e comecei a descobrir ali que eu tava só, não tinha um irmão mais velho e que tinha que superar tudo sozinho e na raça. Na escola também era um dilema. Até amigo me dava esporro. “Porra cara, não tá vendo que aquela mina tá te dando o maior mole?” E eu cagão e dissimulado: “É sério?” E o curioso é que nessa época eu nunca conseguia bater uma bronha pra garota que eu gostava de verdade. Ela era sagrada. O cinco contra um rolava pra todas as suas amigas mas nunca pra ela. Ela era minha princesinha e eu a respeitava. Mas tudo só ficava na teoria. E as paixões se sucediam. Eu me apaixonava quase todo dia: no ônibus, na fila do banco... E assim segui invicto por um tempo até que uma vizinha um pouco mais velha que eu e irmã de um grande brother me ajudou a começar minha vida sexual. A primeira vez foi uma merda apesar dela ser bonitinha e muito legal. Não chegamos a namorar mais ela foi importante na minha estréia. Mesmo assim continuei fechado pras mulheres, tentando pelo menos ser cantor de churrascaria. Mas como sempre odiei ficar mentindo ou tentando passar uma coisa que não era, nunca fui um bom chavecador. A música já era minha fuga e encontrei naquela geração 80 muitas canções que eram a minha vida, letras como que feitas na medida pra mim. Eu não tava sozinho. Com as poucas namoradas sérias que tive descobri que eu era um sujeito diferente da minha turma. Aí lembrei e entendi porque sempre era o escolhido deles pra ser o companheiro, o conselheiro ou o muro de lamentações nas horas em que o bicho pegava com a família ou com as minas: eu era o mais sensível da galera. E por esse meu jeito, nos meus relacionamentos sempre fui a mulher da relação. E quase sempre sofria mais que elas quando tudo acabava. Aí entrava novamente a música. Meus ídolos me consolavam e assim comecei a escrever minhas letras. Lembrava do Herbert Vianna falando que pra você se tornar um grande compositor basta sofrer por amor. O tempo passou, fui conhecendo melhor as mulheres e me descobrindo também. Entendi que o carente profissional que me tornei devo a minha história com minha família, principalmente com minha mãe. Fiz psicanálise, psicodrama mas isso não me ajudou muito. Foi a vida, foram as porradas e as desilusões que me ensinaram. Foi a estrada que me fez melhorar. Fui meu irmão, meu pai, meu padre, meu psicólogo, meu pastor, meu amigo. Superei sozinho muitos grilos e assim puder curtir melhor as mulheres e conduzir melhor as relações. Nunca abri mão de discutir relação e descobri que, definitivamente, não sou de Marte. Trai, fui traído. E talvez na única vez que ganhei chifres, valeu por muitas. Foi com uma doida chamada Érika, com quem pirei e namorei seis meses. Ela conseguiu uma grande proeza: como tinha a Pomba-Gira, durante o tempo em que namoramos ela saiu com o padeiro, o açougueiro, o jornaleiro, o leiteiro e até com o cara do churrasquinho grego! Como sempre, fui o último a saber. Quis matar. Quis morrer. Amadureci uns dez anos em um mês e fiquei bem mais forte. Mesmo assim não perdi a esperança de encontrar uma mulher bacana, nem perdi meu romantismo. Também continuei tarado e os cinco fariseus contra um judeu fazendo ele vomitar o que ele não comeu continuaram fazendo parte da minha vida. (e desconfio que isso talvez fique sendo por muito tempo ainda minha válvula de escape). Passei a desejar mais e mais as mulheres sem deixar de me apaixonar fácil. E observando mais detalhadamente suas nuances, seu comportamento, passei a valorizar e perceber mais detalhes que até então passavam batido. Até cataloguei os tipos de mulheres e hoje classifico em 3: a mulher-pintinho que é aquela que você quer pegar, com muito cuidado e carinho, colocar no colo, fechar dentro da sua mão, ficar só acariciando, catando piolho, cheirando, beijando. E isso basta. Tem a mulher misto-quente que é aquela que faz bem aos olhos e mesmo com o cheiro bom que você quer ficar sentindo por um tempo, dá água na boca e você come mesmo sem ter fome. E come devagarinho porque aquele momento é tão gostoso que você não quer que acabe logo. Talvez o tipo ideal porque você consegue conciliar a violência do sexo com a delicadeza do amor. Uma espécie de Branca de Neve ninfomaníaca, talvez, quem sabe?! E por último a mulher-furacão que é aquela femme fatale que a gente olha e não consegue pensar em outra coisa. É capaz de ficar de pau duro só dando uma olhada na sua foto 3x4. Quer pegar, apertar, arranhar, morder, bater, chupar, puxar o cabelo, jogar na parede, xingar e fazer o cabelo-barba-bigode. E sem culpa! Mas acho que esse tipo é aquele que, normalmente, depois do fato consumado, você olha pro lado e diz: “Putz! O que é que eu tô fazendo aqui?” Depois que casei fiquei mais calmo, menos desequilibrado. No período em que me concentrei mais na música e fui estudar sério, aquilo me fez um bem danado, e eu não tinha muitos olhos pras mulheres. Mas como quem é rei nunca perde a majestade, com o tempo fui voltando a "secar" esse pessoal. E nesse processo outra descoberta maluca é que conforme fui envelhecendo fui ficando extremamente sensível com tudo. Um belo exemplo é quando esbarro com aquele tipo Cinderela: carente, bonitinha (ou não!), sofrida, tímida, sonhadora e cheia de amor pra dar: fico mal. E se chorar na minha frente então, fodeu, caio de quatro! Freud explica? Mas depois de alguns tropeços, sufocos, conflitos e paixonites (já tô quatro anos, oito meses e vinte sete dias sem amolecer meu coração!) hoje em dia tô mais centrado, mais tranqüilo e auto-observação e o auto controle tem me ajudado bastante. E se mesmo dando aula pra uma garota de programa que vai pra aula toda cocotinha e assanhada, e se mesmo quando uma bela balzaca me pára na rua, pede o número do meu celular e me convida pra dançar um forró, e se mesmo quando uma aluna bonita e inteligente, mas infelizmente uma mulher mal amada e mal casada, pega na minha mão e diz que me ama, se mesmo depois dessas e outras eu continuo firme e forte, é sinal de que as brigas entre Klovis e Calel já não são mais como antes e as coisas agora são diferentes. Acho que tô me dando bem porque talvez Calel seja atualmente diretor de algum presídio e Klovis seu detento (só espero que o Klovis não fique assistindo Prision Break!) Confesso que ainda sinto inveja do Salomão mas ainda pretendo me tornar um Fabio de Mello. Por isso tento viver um dia de cada vez sem me deixar tombar. Mas por enquanto, com o adesivo do Pânico eu acho que iria em 8 a cada 10. É que continuo curtindo aquela música do Caetano e admirando a beleza das fofoletes e das coroas. Não ligo pra estrias, celulites, sombrancelhas grossas, bunda de tábua, pneuzinhos. Não importa se tem cabelo de seda, pixaim, grisalho ou pintado. Se tá de jeans largo e surrado ou de vestido novo e bonito. Da índia, da morena queimada de praia, da sardenta até a branquela tipo queijo minas; da mocinha espinhenta com aparelho, passando pela gatona com sombra e batom até a mamãe sem maquiagem e de óculos. Eu olho pra todas sem me reprimir e consigo enxergar beleza na sua maioria. Mas aprendi com uma frase do Padre Marcelo Rossi que evitar a queda fica mais fácil evitando o contato. Por isso normalmente não abraço nem beijo as mulheres, ficando no máximo num aperto de mão. Isso porque o perfume incomoda, o decote incomoda, o toque incomoda. E se a arrumada no cabelo, o timbre e a entonação da voz, a ajeitada no sutiã, o olho no olho, o sorriso ou mesmo a risada balançam e mexem com a gente, é só pensar nas atrocidades do mundo ou qualquer outra bosta pra desconcentrar. Aqui não é o deserto e eu não sou Jesus. O ideal seria nem pensar mas como isso é praticamente impossível, eu penso por alguns segundos (ou minutos, vai!) mas paro por aí pra não gerar sentimento, que vai gerar ação, que vai gerar conseqüência... Como não fico careca, minha barriga não cresce e meus pés de galinha não aparecem, infelizmente me convenceram de que por enquanto não sou um tiozinho da sukita e que ainda dou um caldo. O ruim é que isso vem me atrapalhando no meu tratamento sério da minha Síndrome de Peter Pan que já venho fazendo por mais de cinco anos. Por isso, quando pinta uma Anita pra fazer aula, tento passar aquele pedaço de mal caminho pra outro professor. E assim sigo com meu coração plastificado e sempre saindo de casa com um cinto de castidade (sem esquecer de deixar as chaves com a dona da pensão). E claro, usando a música como arte, trabalho mas sobretudo como remédio e terapia. Talvez por tudo isso que sou e como vejo hoje as mulheres, Deus não permita que eu aconteça ou saia do anonimato. Seria muito perigoso. Mas quer saber? Nem quero mesmo nada agora porque Ele sabe o que faz e aprontou comigo: “Já que você gosta tanto de mulher então toma!” Me deu mais três beldades pra eu curtir, cuidar, amar. E Ele sabe que é por elas que vivo. Então pra que mais? O que vou querer mais da vida? Na verdade quero sim. Quero um dia poder olhar pra todas as mulheres do mundo com calma, com pureza, com uma ternura e com o respeito que a maioria delas merece. Mas infelizmente ainda sou um Saulo que sabe que quando virar Paulo vai comer o pão que o diabo amassou. Tudo bem, eu mereço. Mas se é pra perder a cabeça no final, que seja como ele, em grande estilo.



Postado ao som de "pout pourri" (Badi Assad)

sexta-feira, 6 de março de 2009

ENTROPIA

"Se o homem buscasse a conhecer-se a si mesmo primeiramente, metade dos problemas do mundo estariam resolvidos.” (John Lennon)



Quem me conhece bem sabe que sou um pessoa diícil quando rola uma mágoa, uma decepção, uma sacanagem. Sabem que sou orgulhoso, ranzinza, intransigente e teimoso. Consigo perdoar mas não consigo esquecer. E guardo as lembranças dos vacilos com cuidado pra que em momentos de distração eu não esqueça do que me fizeram e assim não me deixar levar pelo coração e acabar voltando como um cachorrinho otário abanando o rabo. E hoje em dia tô bem pior pois tô mais velho e cada vez mais sem paciência. Já quem não me conhece direito acha que sou bem legal, bom sujeito, super do bem, um cara diferente, especial, o diabo a quatro. Ouço de tudo. Mas como sei bem o que sou (hoje bem mais), não dou a mínima quando me jogam confete. Deixo eles se iludirem, claro, desde que isso não interfira num relacionamento que possa vir a ser bacana, saudável. Os que me conhecem mesmo sabem que não sou santo e que nem pretendo ser tão cedo. E dependendo do meu momento, do meu estado de espírito, sigo cagando e andando pra todos e falo de meus podres abertamente, me expondo até pra pessoas estranhas. Transparência? Imaturidade? Autenticidade? Sinceramente não sei se isso é tão ridículo assim, se é bom ou se é ruim, mas acho que preciso definitivamente mudar meu jeito de ser, de tratar com as pessoas, de falar, de agir com elas. Por conta desse meu comportamento inconveniente, desse meu jeito falastrão, dessa minha ingenuidade fora de época, assumo sem o menor pudor que sou um péssimo professor de música. Sei muito bem que minha função é ajudar as pessoas a crescerem musicalmente, auxiliar no desenvolvimento em seus instrumentos, mas como não consigo ser um profissional sério o tempo todo porque sempre saio do foco entrando em “viagens” que quase sempre são pessoais, só me resta tentar conduzir minhas aulas de uma maneira mais descontraída pra eles, procurando lesar cada vez menos esse pessoal que na sua maioria são bem legais e tolerantes comigo. Sei também que brincar, falar merda e até mesmo dar uma de Patch Adams na minha rotina é a forma que encontrei de deixar meu cotidiano menos chato, de enxergar minha profissão menos inútil e de tornar meu dia menos doloroso, e isso é fundamental pra mim porque quando racionalizo e me vejo atuando, acho tudo um saco, uma ilusão, um porre, mas olhando com mais calma tenho que reconhecer que tudo tem um limite mesmo. Não que eu não goste do que faço. A música na verdade é o meu pretexto pra encontrar as pessoas, aprender com elas, fazer amizades. Mas tem outro problema: como não tô nem aí pra minha posição de professor, o meu jeito de olhar pra todos é igual. Desde o moleque de 9 anos que nem sabe direito onde mora até aquele idoso com duas pontes de safena que adora contar as aventuras da sua adolescência. Se em algum momento de minha vida todos eram pra mim culpados até prova em contrário, hoje tô mais aberto, receptivo e esperançoso de que vários deles deixem de ser somente alunos pra virem a fazer parte do meu círculo de amizades. Mas infelizmente nem todos conseguem enxergar isso ou mesmo ter o mínimo de sensibilidade pra sacar quando voce veste a camisa por eles. E é aí que mora outro grande problema. Como nunca tive a pretensão de me tornar um respeitado profissional nessa área, nem quero ser reconhecido pela minha didática, continuo largadão, sem ligar pro dinheiro nem pros minutos que ultrapassaram a hora da aula ,e assim acabo relaxando novamente , desleixando e me comportando como um professor de araque. Então esqueço das regras, dos limites, da ética, e lá vou eu querer fazer as pessoas rirem ou mesmo mudar o mundo. Como na semana passada que brinquei com uma aluna nova da turma de teoria citando o AA depois que ela deu seu “depoimento” falando que antes de se converter ouvia rock, samba e outros estilos profanos. E não é que na aula seguinte com meu irmão ela desabafou chorando que se sentiu muito mal e humilhada (!) com meu comentário e por causa disso até resolveu desitir do seu curso de teclado? Como assim? Será que vou ter que tratar todos os alunos como colegiais e medir minhas palavras pra não maltratar a ninguém? Não seria subestimar a inteligência de todos se eu agisse como a professorinha do 1ª série? É foda. Mas talvez pior que esse episódio tenha sido o daquela menina de 13 anos que ficou irritada comigo só porque sugeri um tom melhor pra uma música que ela tava estudando na aula de canto. Eu só queria que ela subisse o tom pra valorizar o timbre e dar brilho a sua voz que é bem bonita e afinada. Só que ela não entendeu nada e ficou putinha comigo. Levantou pra beber água enquanto eu procurava no violão um tom melhor pra ela. Depois quando fui pacientemente e de forma bem humorada explicar que o lance não era com ela e sim com a altura da música que tava meio fora do seu registro, ela foi grossa e me secou com um olhar que eu nunca tinha visto da parte dela. Isso tudo na frente do seu professor e ao lado da mãe omissa (retardada?) que não fez absolutamente nada Incrível! Eu já sabia que a pirralha era mimada mas nunca imaginei que ela pudesse ser tão mal educada assim e pior, fora da sua casa! Depois disso, parei e me perguntei: o que é que eu to fazendo aqui? Mesmo muito irritado, me controlei levantei e falei numa boa que ela poderia cantar a música que quisesse, no tom que quisesse, do jeito que quisesse. O clima ficou esquisito e eu fiquei com aquilo entalado na garganta. o resto do dia. Depois da aula o professor veio falar comigo. Disse que ela tinha errado mas eu também. Não deu pra gente aprofundar o assunto porque ele teve que ir embora mas provavelmente o meu erro ao qual ele se referiu era o de ter me metido na sua aula. Só pode. Certíssimo. Diante dessas pixotadas fiquei meio derrubado, muito injuriado e querendo radicalizar. Pedi conselhos a milha mulher pra eu melhorar meu jeito. As dicas que ela me deu não me ajudaram muito. Todas as coisas que ela me falou eu já tava careca de saber: que eu falo demais, que sou espalhafatoso, que gosto de complicar, blá blá blá... Fiquei numa sinuca de bico sem saber pra onde ir. Será que devo ser frio e concordar com um antigo professor de música que me falava que os alunos são somente números e devem ser tratados como gados? Não dá, não consigo. Mas se trato bem, levo trabalho pra casa, tiro música de madrugada e mando por email, dou conselhos e levanto o astral, faço música pro cara dar pra namorada, ajudo a fazer rescisão de contrato, dou cafezinho, formo casais, monto bandas, indico dentista, faço serviço de luthier de graça, baixo músicas na internet, tiro dúvidas fora da aula, distribuo currículo, dou carona e o escambau, mesmo assim muitos me abandonam, somem mesmo e não tem a menor consideração de pelo menos ligar pra avisar que não vem mais. Apesar de tudo isso, não consigo, não sei como mudar meu jeito. Então como canalizar minhas energias naquilo que felizmente ou infelizmente acabou virando minha vida, meu trabalho? Vou tentar, me esforçar ao máximo, tentar ser o tal profissional, o meio termo, o cara equilibrado, metódico até certo ponto mas com uma pitadinha de palhaçada porque senão a coisa fica maçante e pode ser que eu comece a ficar infeliz. E se isso acontecer com certeza aula não vai render. Vamos lá, tudo bem. Se eu conseguir começar minhas aulas na hora certa já vai ser um grande recomeço.



Postado ao som de “Your Rase Me Up” (Josh Groban)