sexta-feira, 26 de junho de 2009

NOVA PARCERIA

"Acredito nos jovens à procura de caminhos novos abrindo espaços largos na vida." (Cora Coralina)

Quando a Catarina fazia aulas de teclado comigo no ano passado me falou que tinha uma sobrinha que cantava e compunha. Me trouxe um cd demo dela na época e depois de ouvir não viajei muito no som. Com letras simples era um pop bem gravado e de bom gosto mas sem novidades. Na verdade gostei mais da capa: com o título de Priscila Bridi e várias fotos dela, a beleza da guria realmente chama a atenção. Depois disso a Catarina não me falou mais se ela tava na ativa ou gravando. Pois na semana essa moça resolveu me ligar depois de ter assistido no youtube a uma brincadeira que fizemos na escola acompanhando a sua tia na música “Jambalaya”. Ela comentou que tava procurando músicos pra trabalhar com ela e que tinha gostado do vídeo. Fiquei surpreso porque aquilo foi uma canja totalmente de improviso com a gente dando várias na trave. Mas a menina gostou mesmo e ontem apareceu aqui na escola com a Catarina pra conversar comigo. O Vinicius tava por aqui e acabou entrando no embalo. Ela falou que tava querendo montar uma banda e voltar a cantar. Nos mostrou uma composição sua que tinha sido gravada no seu home studio e depois de ouvir com calma percebi influencias de pop francês ou coisas similares. O Vini concordou e eu fiquei curioso pra ouvir mais coisas dela. Pedi pra ela dar uma palhinha e ela mandou muito bem. Cantou outra música inédita sua e se acompanhou ao violão. Além de gatíssima a danada é afinadinha. Comecei a sondar seu repertório de covers e logo de cara descobri “Como Eu Quero” do Kid Abelha. Pedi pra ela cantar e enquanto eu acompanhava no teclado avaliava sua interpretação: ela tava com a música todinha no gatilho! Contei a ela que tinha a música pronta com alguns alunos e perguntei se ela queria participar da nossa canja de MPB nesse sábado. Ela aceitou. Acabamos fechando uma parceria com ela pra trabalhar sério. A banda formada ali na hora ficou assim: Vinicius vai fazer bateria e percussão, meu irmão teclado e contrabaixo e eu violão, guitarra e backing. O repertório imediato contém bastante pop gringo com vocais femininos tipo Blondie, Cyndi Lauper, Frente, Madonna, Suzanne Vega, Fleetwood Mac, turma que sempre curti. Ela disse que já tinha lugar pra tocar e que se tudo desse certo a gente faria o primeiro show já no meio desse mês. Se depender do potencial da Priscila e da bagagem desse trio que vai dar o suporte, esse projeto tem tudo pra vingar.

Postado ao som de “Gatinha Manhosa” (Léo Jaime)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

GARRAFÃO

Tenho a impressão de que no mundo dos negócios há maior amplitude de espírito e uma melhor predisposição a examinar atenciosamente as premissas fundamentais de algo novo ou pouco habitual, que no mundo da música.” (Charles Ives)

Hoje fui numa choperia especializada em country chamada “Garrafão” pra saber como é o esquema de música ao vivo. Ela fica no mesmo quarteirão da escola e tem uma estrutura boa. Falei com o segurança e pra minha surpresa descobri que além de country e música sertaneja também tá rolando flashback anos 70 e 80 todas as quartas. Mesmo predominando os DJs, sempre abrem espaço pra bandas se apresentarem por lá. Fiquei empolgado e fui conversar com um tal de André Luiz, filho do chefão. Ele curtiu minha proposta de levar minha banda lá numa quarta e ficou de agendar. Vou preparar meu time. Por outro lado, depois de ligar um monte de vezes pra aquela outra casa de shows vizinha, o America, e nunca encontrar a gerente da casa disponível pra me atender, resolvi imprimir o repertório da banda, colocar num envelope e jogar na garagem. A tal da Cibele sempre me trata muito bem ao telefone e até me perguntou dia desses porque eu tinha sumido. Ora bolas! Sumo porque ela nunca se resolve. E a loira sempre se despede com um “beijo”. Beijo é o caralho! Eu quero é tocar lá e ganhar! Nem me conhece direito, falei com ela pessoalmente duas vezes, nunca dei confiança e a xarope me trata assim. Povo doido.

Postado ao som de “Soon” (Yes)

terça-feira, 23 de junho de 2009

A ÚLTIMA DOS MOICANOS

“Você pode dizer adeus a sua família e a seus amigos e afastar-se milhas e milhas e, ao mesmo tempo, carregá-los em seu coração, em sua mente, em seu estômago, pois você não apenas vive no mundo, mas o mundo vive em você.” (Frederick Buechner)

Na sexta-feira passada minha mudança de mala e cuia pra São Paulo completou 20 anos. Passou rápido demais mas vivi e aprendi tanta coisa que as vezes nem me dou conta. Foram muitas histórias bonitas com pessoas, lugares e principalmente com a música. Foi aqui que me encontrei e descobri que essa era realmente minha profissão, meu destino. Por essas e muitas outras que não tenho a menor saudade do Rio de Janeiro. Não tenho grandes histórias pra contar, boas lembranças, quase nada de interessante. Não tenho vontade de visitar o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o bondinho da Santa Tereza. Pra dizer a verdade o único lugar que eu hoje teria vontade de visitar é a casa da minha priminha Cristina que tá aniversariando hoje. Ela acabou se tornando o meu único elo com minha cidade natal. Mesmo com a pouca convivência que tivemos em nossas vidas me mostrou ao longo dos anos que ser um verdadeiro familiar não tem nada a ver com laços estreitos ou proximidade no parentesco. Ainda quero compartilhar muita coisa legal com ela e também aprender com essa moça diferente que por fazer parte dessa família Adams é uma pessoa especial. Minhas raízes não são tão ruins assim!

Querida: mais uma vez quero te agradecer por todo seu carinho e te desejar muita paz, saúde e força pra educar, criar esse garotão aí e fazer dele mais um orgulho de nosso clã.


Postado ao som de “O Vento” (Los Hermanos)

domingo, 21 de junho de 2009

TRIO PARADA DURA


"Respeito a religião e quem acredita. Gosto das histórias, mas não tenho essa fé. Cheguei a receber formação religiosa. Sou de Minas Gerais, fui criada em Belo Horizonte. Fui batizada, crismada, fiz primeira comunhão e até os 18 anos ia à missa todo o domingo. Foi na igreja que comecei a cantar. A religiosidade acabou com a leitura da Bíblia. Comecei a achar que era muita fantasia, quando soube que tinha sido escrita em aramaico e traduzida para o latim. Para fazer a tradução o cara interpretou demais." (Cássia Eller)

Ontem recebemos a vista de um pessoal de uma igreja de um casal de alunos meus. Mesmo sabendo que sou cabeçudo e teimoso com minhas convicções, eles pediram pra me visitar e eu topei. Como prometido a reunião foi curta, uns quarenta minutos. O rapaz que liderou o trio começou com uma oração e depois começou a falar da mudança que devemos fazer em nós mesmos. Apesar da dificuldade que ele tinha de se expressar por não saber respeitar as concordâncias, conjugar os verbos ou mesmo trocar palavras, me concentrei no conteúdo de suas mensagens que pra mim era o mais importante. Ele continuou dizendo que as mudanças tinham que acontecer de dentro pra fora e até ai fui concordando com o cara que em alguns momentos me lembrava o Seu Creysson. Ai começou a falar do amor de Deus, que Ele mandou seu filho Jesus pra nos salvar, o velho clichê. Deixei ele falar e quando perguntou como se fazia pra começar essa mudança que era aceitar o filho do Homem como seu salvador comentei que isso era o primeiro passo mas o processo era complicado, que não era simplesmente ir a igreja, lvantar a mão ou admitir ser um pecador. Percebi que ele ficou impaciente e começou a se perder no seu discurso inicial. O que mais me incomodou nesse moço não foi a falta de capacidade de discursar com seu vocabulário limitado mas sim seu jeito convencido de que tem as respostas pra tudo. Diferente do meu casal de alunos que são simpáticos, abertos e com senso de humor. Quando perguntei se ele teria todas as respostas e ele disse que sim, perguntei porque então quando Jesus foi perguntando sobre qual era a verdade Ele se calou. Num primeiro momento ele me perguntou onde tava escrito isso. Falei que foi naquele trecho onde narram o momento em que Pilatos fazia o interrogatório. Ele saiu pela tangente dizendo que Jesus não respondeu porque de nada adiantaria, eles não entenderiam. Ué, se na hora mais importante que era pro Homem falar quem ele era e o que fazia ali, Ele não respondeu? Eu quis mostrar a ele que nem sempre a gente tem as respostas pra tudo ou mesmo tendo, as vezes a gente tem que ficar quietinho. Mas ele não abaixou a cabeça e continou falando outras coisas. Quando falou que Jesus veio ao mundo porque no antigo testamento Deus olhou pra Terra e não viu ninguém a altura pra levar a mensagem, então resolveu mandar seu filho. Pô, mas desde o início do mundo a vinda do Messias não era anunciada e esperada? É foda, cada um fala uma coisa e eu fico mais decepcionado. Por isso desencano de querer explicar Deus e suas atitudes, tento fazer minha parte e deixo na mão Dele a decisão final. Quando o pessoal falou que o antigo testamento era só uma sombra eu não entendi. Como assim só uma sombra? Então a gente deveria negar ou ignorar tudo que aconteceu lá? E os exemplos? E as histórias? E os grandes homens como que passou maus bocados e não perdeu sua fé. Tudo isso se resume a sombra? O que ele quis dizer com isso? Quando perguntei de Moisés que foi um cara fodão que tirou seu povo da escravidão do Egito, recebeu os dez mandamentos, abriu o mar vermelho com sua fé, o rapaz me disse que Moisés era passado, que eu tinha que me concentrar no presente e em mim! Dá pra entender? Me irritei um pouco e falei que se Moisés era passado Jesus também não era? (sem querer comparar, é claro!) Eles olhavam impacientemente pro relógio porque já tinha dado a hora deles e evitei ficar questionando o pessoal. Percebi que o figura tava frustrado e chegou a comentar que não tinha conseguido nada com sua visita. Normal. Minha aluna falou que eu tava tendo a oportunidade de ter o conhecimento e tava desperdiçando. Respondi dizendo que eu acreditava que a gente poderia aprender também no nosso dia a dia porque Jesus mora também nos detalhes, e que os anjos sempre estão por perto dando uns toques, ou seja, é uma questão de sensibilidade, de estar aberto, de sacar o lance. Ela discordou. Fazer o quê? Tava desencanado mas quando ela falou com minha mulher que a gente tinha que primeiro cuidar da gente pra depois pensar nos outros, me meti na conversa e falei que isso era relativo pois se eu tivesse no fundo do poço e tirasse o resto de comida que tivesse pra dar pra uma criança que morre de fome saberia que deixaria Deus contente. (Pelo menos nesse Deus que acredito). O “líder” riu e disse que eu olhava muito pro lado materialista! É mole? Só peço a Deus que me perdoe na minha infinita ignorância e me dê paciência e sabedoria pra entender onde esse povo doido quer chegar com esse discurso incoerente mesmo que com a melhor das intenções. Ah, e que Deus ilumine também seus caminhos e suas mensagens porque essas de hoje não rolaram.

Postado ao som de “Rodo Cotidiano” (Maria Rita e o Rappa)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

URUBU NA CARNIÇA

"Tudo se rende ao sucesso e a arte, até a gramática." (Victor Marie Hugo)

Ganhamos um vizinho novo aqui no prédio. Ele tá numa sala ao lado da nossa escola e é candidato a vereador pelo PPS nas próximas eleições. Seu primeiro contato com a gente foi com meu irmão. Pelo fato desse moço ser evangélico gostou de saber que a gente tava organizando uma audição gospel e até se ofereceu pra ajudar. Falou que tinha vontade de montar um festival grande com artistas desse meio e queria incluir gente pra abrir. Achei uma viagem do cara mas como não conheço bem esse ramo fiquei na minha. Outro dia meu irmão comentou com ele que eu tinha um projeto cultural onde apresentava várias idéias pra vários setores da cultura. Ele se interessou e me pediu pra dar uma olhada. Mostrei o documento sem criar muita expectativa porque fiquei meio pessimista depois que apresentei ao Multishop, não obtive nenhum retorno e ninguém se interessou. A papelada tava engavetada desde o início do ano e eu tava pensando em dar uma nova mexida nela pra correr atrás de algumas empresas nesse segundo semestre. Pois assim que deu uma olhada no texto o cara se empolgou de tal forma que até chamou outras pessoas pra avaliar o documento. No dia seguinte ele trouxe um coroa amigo do meio jornalístico que tava com o seu filho, um nerd fera em computador que me chamaram pra conversar e me dar sugestões. Falaram que as idéias eram muito boas e queriam fazer aquilo chegar às mão da nova secretária de cultura Maria Regina Ponce. Fiquei surpreso com tamanho interesse mas me perguntei: será que então eu não tava viajando com aquelas idéias do projeto e finalmente encontrei pessoas que entenderam minha proposta e meu objetivo? A coisa começou a ficar esquisita quando começaram a falar que eu teria que cortar alguns trechos porque tava sofisticado demais. Porra, se vou enviar um projeto pra um pessoa da cultura eu tenho que medir palavras pra não confundir a cabecinha da pessoa que deveria ser a mais antenada do meio? Falavam que eu tinha que pensar no povão e muitas das minhas idéias não caberiam na prefeitura. Lembrei do saudoso Francisco Milani com seu bordão “comigo é no popular” mas evitei a piadinha. Como não sou do ramo, aceitei as sugestões na boa, argumentei em alguns momentos mas no final da história dei uma limpada no texto tirando uns 60% do projeto original. Nãotinha nada a perder mesmo. O velho veio aqui no dia seguinte e me ajudou a refazer os tópicos mas manteve a estrutura principal. Ficaram de levar pra prefeitura e pro novo shopping de Diadema. No outro dia. quando o candidato a vereador me procurou pra perguntar sobre o que eu tinha achado do seu amigo e das suas idéias, respondi que o cara parecia saber do que tava falando. Mas lembrei a ele que pra quem quer ser eleito pensar só no povão pode ser perigoso. No “Procuca” eu abria espaço pra música popular radiofônica em todas as vertentes pensando no jovem ou na tiazinha que só conhece música de novela, mas também pensava na moçada mais cabeça que curte um som instrumental ou nos bicho-grilos que querem ouvir novidades como músicas próprias ou um som mais de vanguarda. E como essa segunda parte toda foi arrancada lembrei ao meu novo vizinho que a Marta Suplicy só não foi reeleita em 2005 porque priorizou a periferia e os pobres. Quem elegeu o Serra foi a classe média, ou seja, os mais informados e exigentes. Ele ficou ouvindo e depois de um tempo pediu pra eu lhe fazer uma segunda versão, do meu jeito. Esse não quer perder a próxima eleição nem fodendo.

Postado ao som de “Cherish” (Madonna)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

BODEADO

“A tormenta não veio, mas a tristeza se apoderou de mim. Nem sequer a música me consola hoje. Já é tarde, a noite caiu, e não tenho vontade de dormir.” (Frederic Chopin)


Hoje fiquei muito mal. Cheguei em casa a noite numa puta deprê, desanimado com tudo e com todos. Por mais que eu queira pensar positivo me sinto de mãos atadas. Não tô agüentando mais essa rotina filha da puta de sonhar acordado com coisas legais acontecendo na minha área e no final não rolar porra nenhuma. E olha que nem tô viajando em divulgar minhas músicas! Tô só querendo trabalhar mais, usar meus conhecimentos, esse dom que Deus me deu. Mas me vem uma sensação ruim, fico pessimista, fragilizado e me dá vontade de chorar. Me sinto injustiçado por tudo que fiz até hoje com a música. Acumulei tanta informação, respiro sons, sou um cara do bem e compartilho tudo que sei com todos sem ser mercenário ou mesquinho e ainda assim continuo num perrengue da porra, com um monte de dívidas (e dúvidas!). Nessas horas me dá vontade de largar tudo e tentar entrar em outro ramo. Ah, como eu queria trabalhar com outra coisa nesse momento. Até cheguei a pensar em trabalhar de porteiro, tipo numa cabine, durante a madrugada, sem aporrinhação. Daria pra ler bastante, pensar na vida, fazer auto análise. Mas paga pouco pro que preciso receber pra cobrir meu orçamento e minhas dívidas. Aí é que eu iria pra roça de vez!. Até gosto de dar aulas pra algumas pessoas mas já que não tenho pra onde ir o que eu queria mesmo era tocar. E pensando bem tocar é legal, e dependendo da sua cabeça e da sua sensibilidade, sempre pode ser divertido, mesmo num gênero que você não curta tanto. Tocando eu conseguiria aumentar meu faturamento e tentaria sair do vermelho. Mas não vejo solução a curto prazo. Além de não tocar, aturo um monte de pessoas chatas, irritantes ou insuportáveis e continuo duro. Tô malzão mas acho que é só um momento. Pode ser culpa dos astros, a posição da lua, sei lá. Amanhã tô melhor.


Postado ao som de “Magrelinha” (Luiz Melodia)

terça-feira, 16 de junho de 2009

E ELE ACONTECEU

"É verdade. Quando tocava, todo mundo cantava junto, era um delírio." (Cauby Peixoto)

Depois de mais de dois anos de escola ontem finalmente conseguimos iniciar o tão sonhado coral. Deu tudo certo, o pessoal compareceu e o Henri começou hoje com os trabalhos. Compareceram Flávia, Auricelli (mãe de uma ex aluna minha), Silvia, Lucineide, Adias, Eloísa, Ingrid, Zaqueu, Henrique (o câmera!), Egina e até minha filhota Nathalia! Dos inscritos três ausências: André que foi trabalhar e Raquel e Larissa que ficaram doentes. Tô curiosíssimo pra ver no que isso vai dar.

Postado ao som de “Teus Olhos” (Ivete Sangalo e Marcelo Camelo)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

QUEM QUER?

"Passamos metade da vida à espera daqueles que amamos e a outra metade a deixar os que amamos." (Victor Marie Hugo)


Quem quer o elogio de alguém dissimulado?
Quem quer o conselho de alguém insensato?
Quem quer a confiança de alguém mentiroso?
Quem quer a lembrança de alguém ingrato?

Quem quer a presença de alguém sistemático?
Quem quer o consolo de alguém depressivo?
Quem quer a força de alguém conformista?
Quem quer o carinho de alguém incompreensivo?

Você pode até experimentar
Mas o que ficar na memória
Vai te torturar

Quem quer a decisão de alguém covarde?
Quem quer o colo de alguém insensível?
Quem quer a saudade de alguém volúvel?
Quem quer o abraço de alguém impassível?

Quem quer o desejo de alguém reprimido?
Quem quer a alegria de alguém derrotista?
Quem quer o beijo de alguém frio?
Quem quer o amor de alguém egoísta?

Você pode até se arriscar
Mas no final dessa história
Quem vai te salvar?


Letra escrita em 2004 num momento de angústia.



Postado ao som de “Ritmo da Chuva” (Fernanda Takai e Rodrigo Amarante)

sábado, 13 de junho de 2009

APROVADAS

"Todos que possuem uma mente criativa deveriam se sentar e tentar algo novo." (Nat King Cole)

Tô conseguindo montar o repertório pra “canja MPB” cercando várias épocas e selecionando artistas pop que misturam ritmos na sua obra. Tá dando certo e a galera tá entrando na minha. As músicas que consegui listar até agora e que praticamente foram aprovadas pelos alunos que vão participar são:

1. sangue latino (secos e molhados)

2. como eu quero (kid abelha)

3. faz parte do meu show (cazuza)

4. quando a chuva passar (ivete sangalo)

5. o último dia (paulinho moska)

6. sozinho (caetano veloso)

7. assim sem voce (adriana calcanhoto)

8. fato consumado (djavan)

9. já sei namorar (tribalistas)

10. final feliz (jorge vercillo)

11. amor de índio (beto guedes)

12. alagados (paralamas)

13. asa morena (zizi possi)

14. agamamou (art popular)

15. dona (roupa nova)

16. meu mel (marquinhos moura)

17. sossego (tim maia)

18. trem das onze (demônios da garoa)

19. coleção (cassiano)

20. wave (tom jobim)

Postado ao som de “One Note Samba” (Ella Fitzgerald)


sexta-feira, 12 de junho de 2009

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo” (Walter Franco)

Aproveitei esse feriado pra voltar a organizar um pouco das minhas coisas. Dei uma geral aqui em casa: arquivei um monte de pastas com partituras, letras de músicas e mais um monte de anotações. Já fazia algum tempo que isso tava me incomodando mas acho que perco a noção de que acumulo mais atividades do que consigo dar conta e acabo me culpando quando não deveria. Outra coisa que consegui fazer foi voltar a escrever nesse blog. Aproveitei pra voltar no tempo, lembrar da audição dos alunos e tentar contar um pouco do que foi aquilo. Quebrei a cabeça mas acho que consegui passar no meu texto um pouco do que foi aquele domingo. E voltando a escrever novamente percebi a dificuldade que tenho de expressar de uma forma simples o que as vezes dá pra colocar em poucas linhas. Isso provavelmente é o motivo real de não comparecer aqui com a freqüência que deveria, como um autêntico blogueiro. É a merda do perfeccionismo, quero escrever de uma forma clara mas ao mesmo tempo bacana, sem atropelos, sem vacilos. Maldito orgulho. E talvez querendo passar um lado jornalístico que não tenho ou me dirigindo somente a algumas pessoas quando eu deveria escrever pensando que muita gente diferente vai ler, não só alunos, amigos, pais, mas pessoas de vários lugares, setores da música e até fora dela, porque não? Senão agora quem sabe algum dia, num futuro não tão distante. Mas me esqueço disso e ai acabo descambando pro lado pessoal, jogando minhas opiniões sobre certos episódios ou situações, o que na verdade acho que não interessa a ninguém. Mas preciso falar. Falar dos outros, falar de mim. Nesse tempo que fiquei afastado do blog percebi que fiquei mais viajandão no mau sentido. Deixando de escrever, deixo de refletir sobre meu dia a dia, sobre mim, e acabo me abandonando de certa forma. Tenho uma necessidade de anotar tudo o que acontece no meu cotidiano, pelo menos coisas significativas. Marco tudo: alguma aula diferente, alguma visita interessante, algum telefonema marcante, algum aborrecimento, alguma pessoa nova que conheci, alguma merda que falei, alguma mágoa, algum pensamento ou sentimento diferente... Mas tudo em forma de títulos pois não dá pra ficar esmiuçando sobre cada tema pela falta de tempo e paciência. Jogo tudo numa agenda de compromissos e acaba funcionando como aqueles velhos diários. Aí venho aqui, seleciono o assunto e tento desenvolver. É saudável porque fazendo a retrospectiva a gente acaba percebendo certos detalhes nas situações que na hora que ocorreram passaram batidos. E é ai que vou me descobrindo. Às vezes é bom, às vezes é ruim. Mas sem escrever, sem esse exercício diário de voltar um pouco pra dentro de mim, notei que tava largado, meio sem noção, Joselito mesmo. Fiquei desleixado sem conseguir resolver tarefas simples da escola e de casa, minhas piadas ficaram mais sem graça do que já são, vieram pensamentos em coisas que não faziam sentido e alguns sentimentos esquisitos que há tempos não me perseguiam começaram a se manifestar mais forte. Fiquei preocupado. Na verdade continuo porque ainda tô meio fraco. Mas voltando a escrever, volto a auto observação e a tendência é voltar a me equilibrar e ficar mais alerta. Mas não me sinto confortável. Nunca mais tinha me sentido desse jeito. Consigo entender e explicar quase tudo mas na hora de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima a coisa toda muda de figura. Preciso escrever um livro? Preciso de terapia? Pode ser. Mas o que preciso mesmo é dar muitas aulas pra pagar minhas contas.

Postado ao som de “Azul da Cor do Mar” (Ed Motta)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

FINAL DE FÉRIAS

"Quem derruba a gente é a gente mesmo." (Ivete Sangalo)


Depois de quase um mês sem escrever nada volto aqui super empolgado pra contar as novidades e tudo o que aconteceu nesse mês de “férias”. Uma série de eventos inéditos mais alguns hábitos ruins fortalecidos foram o real motivo do meu sumiço. Teve de tudo: de mortes, doença até a velha preguiça, a falta de tempo e uma pequena recaída no meu astral. Mas já tô legal e pronto pra contar nos mínimos detalhes tudo que aconteceu nesses últimos dias. A partir de amanhã vou atualizar o blog a partir dos rascunhos que salvei, ou seja, vou colocar tudo com as datas correspondentes aos acontecimentos. E apesar de vários assuntos se referirem a minha vida pessoal (e que acho interessantes de serem publicados), vou me esforçar e dar prioridade as coisas da escola. E de preferência tendo a música como tema central. É difícil mas...
Aos meus “milhares” de leitores: boa leitura!


Postado ao som de “Rude Cruz” (André Valadão)

HÁ UM ALGUÉM NA MULTIDÃO

“Quando um se inspira em algo bom, a música nasce com fluidez, as melodias brotam; realmente isto é uma grande satisfação.” (Franz Schubert)

Empolgado com o Henri e a nossa idéia de criar um coral, fui pesquisar na internet e encontrei alguns sites com partituras pra canto coral bem interessantes. Infelizmente a maioria deles só quer saber de repertório antigo, música sacra, coisas do tipo. Mas achei um de música popular que tinha até jovem guarda. E como tô querendo fazer a próxima audição com esse tema, separei uma partitura do clássico “Há Um Alguém” e passei pro Henri. Ele ficou bobo com o arranjo e caiu matando. Tem passado horas na frente do micro e escrevendo tudo no encore pro pessoal do coral. Bacana isso. Se tudo der certo até um coral vai participar dessa audição doida de rock and roll.


Postado ao som de “Deus de Promessas” (Toque no Altar)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

DANÇA DE ILUSÕES

"Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido." (Vinícius de Moraes)


Quanto tempo já passou

E você não se importou

Não quis pensar no que fazer

Por temer recomeçar


Violenta ausência

Será mesmo o fim?

Sua inocência

Me deixou assim


Num momento mágico

Todo o belo ficou trágico

Somos fortes e sinceros

Ficaremos bem


Ser o objeto da diversão

Ter o privilégio da paixão

Passar pela provação

Sentir a alegria do perdão


Sabemos o que queremos

Sua distração minha proteção

Sabemos do que precisamos

É o que temos pra dar


De que coincidência

Falaremos hoje

Conheço pelo avesso

Minha melhor esperança


Letra escrita em 1988 no início de um namoro com uma menina, que assim como eu, tinha acabado de comer o pão que o diabo amassou ao lado da pessoa errada.


Postado ao som de “Dig Thgis Samba” (Brian Lutz)

sábado, 6 de junho de 2009

ZUMBI

"Comecei uma dieta, cortei a bebida e comidas pesadas e, em 14 dias, perdi duas semanas." (Tim Maia)

Não teve jeito. Minha mãe até me falou que o motivo de eu ter me livrado dos remédios pra dormir foram suas orações. Mas semana passada fiquei dois dias em branco. Num dia não dormi nem duas horas e no dia seguinte, pra minha surpresa, não peguei no sono, ansioso como sempre pensando em qualquer coisa, desde as atividades na escola e novas idéias pra tocar, estudar, compor até bobagens como o luxo na casa do Clodovil ou mesmo como deve ser a rotina do Bial na época em que ele apresenta o Big Brother. O dia amanhece e tô lá com um friozinho na barriga. Ai passo o dia dando aula aos trancos e barrancos. Nessa semana aconteceu de novo. E normalmente é na quarta-feira que é o dia que começo mais cedo. Tô de saco cheio disso e resolvi ir no CAPS pegar meu remédio. Pelo menos pra usar nesses dias complicados onde tenho que capotar mais cedo. Vou voltar a me “drogar” mas dessa vez com um comprimido só. Quem sabe com esses vinte dias limpo unzinho já não faça efeito? E o pior é que eu tava me sentindo muito bem, com minha libido a mil. Tava me sentindo um garoto de quinze anos, pelo menos da cintura pra baixo. De volta a realidade agora.

Postado ao som de "Eu Tô Pensando" (Rogerio Skylab)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

UM DESAFIO

O desafio da originalidade é um dos que as pessoas mais temem. Elas preferem sentar-se em frente à TV e deixá-la lhes dizer do que devem gostar, o que devem comprar e do que elas devem rir." [(Marilyn Manson)

Comecei a bolar todo o esquema da canja do final desse mês. O repertório é todo baseado na MPB e a seleção dos alunos fica um pouco mais complicada por causa do nível técnico, da falta de conhecimento e do gosto pessoal. A grande maioria não manja nem curte sons antigos, artistas tradicionais. Vou ter que rebolar se quiser ver um monte de gente tocando esse material com prazer.

Postado ao som de “All Of Me” (Ella Fitzgerlad)