terça-feira, 25 de agosto de 2009

ESTRUPÍCIO

"Deus se deixa conquistar pelo humilde e recusa a arrogância do orgulhoso." (Papa João Paulo II)

Na semana passada o Daniel me chamou pra avaliar uma aluna dele de teclado. Enquanto ela tocava ele me perguntou se eu percebia alguma coisa estranha na execução ou algum erro na parte de técnica. Como a aluna tocava fluente e sem nenhum tropeço ou sujeira disse que tava bacana e dei meus parabéns a ela. Meu irmão então falou que só tinha me chamado mesmo pra convencer a moça de que ela tava tocando bem. Foi ai que percebi do que se tratava porque meu irmão já tinha comentado dessa aluna. O que acontece é que ela é casada com um pastor evangélico que tem quase o dobro da sua idade e se diz maestro. Não sei se pela idade ou por causa da educação, o sujeito é muito rígido e conservador e vem implicando muito com ela ultimamente. O chato é que ele tem sido tão áspero e tão rude que tá deixando a pobre coitada com a auto estima lá embaixo e desanimada com o curso. Ela é bonita, educada, tem 30 anos mas com cara de menina, esbanja simpatia e me parece ser uma pessoa simples e pacata. Mesmo assim o “maestro” não dá folga: diz que ela tá tocando tudo torto e sem ritmo, que tá uma porcaria, que ela é um zero a esquerda mais o diabo a quatro. Fiquei irritado e tentei me segurar, mas não teve jeito: eu, que ultimamente tenho praticado mais a auto-observação pra não ficar me metendo na vida dos outros e nem ficar falando merda pra não ser desagradável ou incoveniente, acabei rasgando o verbo. Maldita hora que meu irmão me chamou. Pedi pra ela se olhar no espelho. Tentei levantar sua moral sem falar mal do marido. Sugeri entre outras coisas que ela se gravasse pra perceber o quanto tava tocando bonito. Aí acabei saindo da música e falando demais quando falei da minha vida. Pensei que se talvez ela se identificasse com alguém parasse de se torturar e levantaria a cabeça. E como sempre faço botei o orgulho no bolso e me expus um pouco. Falei de situações que vivi e fiz um revival: falei que fui criticado de graça, balancei mas resisti, que depois de me maltratarem pensei em jogar a toalha mas acreditei que poderia mudar a situação, que depois de várias brigas onde eu era o acusado percebi que eu não era o vilão, que precisei ouvir elogios e palavras de conforto de terceiros pra eu poder me enxergar, que passei a aceitar melhor minhas falhas mas também me valorizar percebendo minhas qualidades, que parei de dar bola pra torcida e assim respeitar mais minha sensibilidade e minha fragilidade, enfim, que a duras penas aprendi que eu era a pessoa mais importante pra mim e ninguém no mundo conseguiria me derrubar com atitudes egoístas e insensatas ou palavras insanas e levianas. Seus olhos se encheram de lágrimas mas mesmo assim continuei. Falei pra ela observar se ali não tava havendo uma cobrança injusta, se era só com a música. Brinquei dizendo que logo ele começaria a falar mal da comida e...batata! Ela confirmou que ele já fazia isso. Conclusão: o problema não é a musicalidade dela e sim o babaca do marido. Pedi desculpas por ter falado tanto e sai com a sensação de ter feito a coisa certa. No final do dia perguntei ao meu irmão se eu não tinha exagerado e ele falou que eu tinha falado bem e acertado na mosca. Concordou com tudo que eu disse. Infelizmente hoje a moça chegou pra ter aula arrasada e pensando em largar o bunda mole. Acabou nem fazendo a aula porque passou o tempo todo desabafando com meu irmão e chorando porque seu marido vai de mal a pior. Passei longe da sala pra não me afetar mais. Chegamos a conclusão que o karma dela é pesado: ter um marido que é pastor mas peca por ser orgulhoso e arrogante, bem mais velho mas que vacila por ser imaturo e insensível, e “músico” que envergonha por ser esnobe e surdo, ninguém merece! Graças a Deus ela não é minha aluna porque se fosse acho que eu levaria serviço pra casa.

Postado ao som de “Parte de Mim” (Gram)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

BRUBAKER

Porque ao longo desses meses que eu estive sem você eu fiz de tudo pra tentar te esquecer. Ja matei você mil vezes e o seu amor ainda me vem. Então me diga quantas vidas você tem? (Paulinho Moska)


Repito como um mantra

Que és fria e vulgar

E no sonho dessa noite

Consegui te desprezar


Com a estória que criei

Consegui me convencer

E durante alguns minutos

Foi mais fácil te esquecer


Suas músicas preferidas

Tocam a todo momento

E acabam com meu dia

Nesse clip que invento


Quero muito duvidar da minha crença

Porque seu silencio confirma a indiferença

Mas meu coração garante que você pensa

E eu sinto muito sentir sua presença


Não quero pedir a Deus

Com essa minha ladainha

Vejo uma guerra na TV

Que é bem mais séria que a minha


Juntei todas as coisas

Que não gosto em você

Pesei tudo com seu sorriso

E entendi meu bem querer


Já que a saudade não passa

Daqui há pouco vou chorar

Aprimorar meu masoquismo

Porque só a dor quer ser meu par


Sei que a cura vem como a idade

Do tempo espero a boa vontade

Desculpe o incômodo com a sinceridade

De você espero ao menos dignidade


Letra escrita em 1999 que fala de ilusão, separação, negação, paixão e outros “aos”.


Postado ao som de “Bedshaped” (Keane)

sábado, 22 de agosto de 2009

PRA NÃO VIRAR ABÓBORA

"Eu queria me mostrar. Cantava para arranjar broto e para mostrar para o meu pai que eu era o bom." (Cazuza)

Ontem fomos com a Rose num bar da Paulicéia pra conhecer o espaço e ver qual o repertório que combina com eles. A Rose trabalhava como promotora de eventos no interior de São Paulo numa cidade chamada São João da Boa Vista. Se mudou pra Diadema faz pouco tempo e logo que chegou começou a aprender contrabaixo na nossa escola com meu irmão. Ela é eclética mas seu forte é o country, estilo que predominava nas bandas que empresariava. Desde o mês passado vem procurando espaços pra gente tocar. Pediu pra banda ir com ela nesse bar pra conversar com o dono e talvez até dar uma canja. Fomos no esquema de power trio: eu, Daniel e Paulo, já que o Henrique (voz, teclado e sax) tava ocupado. Mesmo assim com guitarra, baixo e bateria dá pra montar um repertório extenso, ainda mais se tratando de pop rock e blues. E era esse último o gênero da banda que foi se apresentar lá. O grupo chegou bem atrasado e pra minha surpresa o vocalista era um ex aluno que já havia participado de uma banda de blues que montei há alguns anos. O Alexandre, mais conhecido como “Don King”, me falou que tava tocando ali duas vezes por mês e me mostrou seu repertório que continha vários clássicos de blues e hard rock. Muita coisa legal: B.B. King, Deep Purple, Stevie Ray Vaugham, Led Zeppelin, Me lembrei da época que eu tocava blues. Há uns dez anos atrás montei essa banda só de brincadeira e batizei de “Irmãos Perna de Pau” (fazendo um trocadilho com “Irmãos Cara de Pau”). Nela fui tocar bateria e chamei o Alexandre pra cantar porque achava que seu timbre era diferente e sua voz forte, que às vezes lembrava a JanisJoplin quando berrava ou rasgava. Porém tinha dificuldades pra afinar e isso me fez desanimar depois de alguns shows. Mas o cara tá aí na luta, tentando melhorar na estrada. Isso é que faz a diferença, quer dizer, mesmo sem ser um grande músico o bicho é perseverante e conseguiu reunir com alguns amigos a clássica formação guitarra-baixo-bateria. Assim, com esse trio pra fazer o acompanhamento, tá trabalhando e aprendendo. Como a banda dele demorou muito pra começar e a gente tinha compromisso logo cedo, fomos embora sem dar uma canjinha e sem ver os caras tocando. Mas conhecemos o dono da casa e deixamos engatilhada uma participação ali qualquer dias desses.

Postado ao som de “Tezas Flood” (Stevie Ray Vaugham)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

TRÍADE

"O homem, criatura viva e criador individual, é sempre mais importante do que qualquer estabelecido estilo ou sistema." (Bruce Lee)

Terminei mais 3 canções nesse último fim de semana pensando em vários estilos diferentes. Dessa vez consegui musicar uma letra da Andréia e uma da Larissa. A terceira na verdade já tinha uma melodia pronta. A Ingrid me surpreendeu e criou essa linha melódica pra um texto seu, que apesar de repetitiva, ficou interessante, com um quê de black music. Tentei criar duas partes pra ela e na segunda-feira toquei no teclado pra ela cantar uma harmonia que resolvi experimentar. Parece que deu certo porque ouvindo ficou a impressão de que a música tinha realmente duas partes quando na verdade só o instrumental dividiu os trechos. O Felipe e a Larissa presenciaram a criação e aprovaram. Já a Larissa gostou tanto da música que fiz com sua letra que aprendeu a cantar e a tocar esse som depois de ter me ouvido somente três vezes. Saiu da escola rindo de orelha a orelha. Guria fominha e talentosa essa. Ontem ensaiou novamente com as suas parceiras de banda, Ianca e Gabi, que já começaram a burilar um arranjo pra mais nova cria do repertório delas. Das 3 canções a única que não ficou com o tom definido foi a que fiz em parceria com a Andréia. Como essa é do repertório da banda “Crazy”, que tem como vocalista a própria Ingrid, vou ter que esperar ela ouvir bastante pra aprender a cantar direito pra só assim eu conseguir sacar a melhor altura do seu tom. Depois é só pirar nos arranjos.

Postado ao som de “It’s The Little Thing We Do” (The Zutons)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

EXEMPLO DE VIDA

"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor." (Wolfgang Amadeus Mozart)

Quando o Paralamas do Sucesso surgiu ali no início da década de 80, fiquei surpreso com o visual daquele guitarrista: de cabelo curto e com um óculos vermelho. Não tinha nada a ver com aquele estereótipo de roqueiro transgressor e doidão. Mas o rapaz com cara de nerd solava muito bem e passei a admirar seu estilo. Em seguida comecei a perceber nas suas entrevistas que seu jeito de se expressar também era diferente. O moço falava muito bem e ainda por cima não usava drogas. Passei a me espelhar nele e assim quis virar um guitarrista caretão sem cabelos longos, nem tatuagens, nem calças de couro. Suas letras também começaram a fazer minha cabeça e suas composições com harmonias mais elaboradas foram uma grande escola pra mim. Lembro que consegui fazer minha primeira pestana tirando a música “Romance Ideal” do segundo disco da banda que saiu em 84. Curtia tanto a banda que mandei uma carta pra gravadora fazendo algumas perguntas pros caras. Pra minha surpresa, pouco tempo depois recebi um cartão com a foto deles, as perguntas respondidas e o autógrafo dos três! Pirei e passei a respeitar mais ainda esse pessoal. Com o tempo fui amadurecendo musicalmente e só assim pude perceber que Herbert Vianna sempre esteve à frente de seu tempo, sendo um precursor de várias fusões de estilos, misturas que seriam imitadas por muitos artistas na década de 90. Conforme fui me acalmando com o instrumento fui enxergando melhor o lado humano, o sujeito romântico, o pai de família. Em todos esses anos ficaram registradas na minha mente declarações como “não uso drogas mas não sou contra quem usa. Cada um sabe onde seu calo aperta!”, ou “Moro no Rio mas morro de medo da violência. Se alguma coisa acontecesse com minha família acho que não teria estrutura pra suportar isso”, ou ainda “sofra por amor e vire um grande compositor!”. Com esses e outros depoimentos, Herbert deixou de ser somente uma grande influência musical pra se tornar uma espécie de guru. Quando seu avião caiu em 2001, fiquei muito triste e não imaginava o que viria acontecer. Quando soube que sua esposa tinha morrido no acidente, lembrei daquela frase dele dizendo que não agüentaria uma tragédia dessas. Mas ele não voltou lúcido logo de cara. Ficou perdido e demorou um pouco pra se recuperar e entender direito o que tinha acontecido. Comecei a achar que ai tinha o dedo de Deus, ou seja, se era o destino da Lucy ir embora naquele momento, sua recuperação lenta foi fundamental pra que ele pudesse assimilar a morte da mulher amada e não se entregar. Talvez eu possa ter viajado nessa história mas acredito nisso até hoje. Quando ele voltou aos palcos num show na MTV, fiquei muito emocionado. Ver aqueles três reunidos novamente me marcou profundamente porque durante algum tempo eu não conseguia visualisar aquela cena com ele cantando e tocando numa cadeira de rodas. Eu nunca tinha visto aquilo. Mas mesmo com alguns solos trastejados e momentos desafinando, achei tudo perfeito. Desde então paro o que tô fazendo sempre que o Herbert aparece na televisão, seja tocando, cantando ou falando. Suas falas ficaram mais reflexivas e sempre remetem a família, irmandade e espiritualidade. Se algum dia me encontrar com ele quero pedir sua benção. Isso seria um sonho realizado. Mas enquanto esse dia não chega vou me contentar em assistir ao documentário “Herbert de Perto” que tá saindo do forno. Resolvi escrever esse texto depois que vi a chamada no youtube. Pra variar fiquei comovido. Se assistindo somente alguns trechos já fiquei chapado, nem sei como vai ser na íntegra. E não entendo porque que toda vez que ouço “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim”, fico muito balançado, mesmo sem ter uma história com alguém. Pois logo assim que assisti no trailer ele cantando um trecho dessa canção, desabei. Foi foda.


Postado ao som de “Cantata no 156 – Arioso – J.S. Bach” (guitarrist korean)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CONTOS DE FADAS

"No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo." (Jonathan Swift)


Ela me disse que sempre sonha com ele

E conta os dias desde que tudo acabou

Saudade e angústia já não lhe consomem mais

Mas não dá pra dizer que tudo passou


Seus planos pro futuro perderam sentido

E a vontade de vencer já não existe

A sua crença e o seu trabalho são sua fuga

Abelha atarefada não tem tempo de estar triste


Ela não se entregou: - a hora não chegou!

E ele não quis só companhia e carinho

Ele não fez isso por mal, só pensou nele

Também confuso foi procurar seu caminho


Quando se acostuma com alguém

É difícil ficar sem e ficar bem

Mas amanhã tem mais

E a gente vê o que faz

E do que será capaz


Sua amiga é legal e dá conselhos

Sua família se preocupa mas já sabe

Que ela não é a primeira e nem a última

Que se apaixona, chora e sofre de verdade


Ela sabe que existe alguém a sua espera

Um amigo que um dia desses se revelou

Mas apesar dele ser um rapaz bacana

Não foi por ele que seu coração disparou


Ela acredita que alguém especial

Um dia vai aparecer em sua vida

Em contos de fada não existe ciúme, mentira,

incompreensão, dor, traição, partida


Quando se apaixona por alguém

Nosso mundo fica zen e o espelho diz amém

Já não se olha pra trás

O que passou tanto fez tanto faz

E a gente fica em paz


Letra escrita pra minha irmã em 2001. Fala de angústia, virgindade, traição, ingenuidade, esperança...


Postado ao som de “Agora Só Falta Você” (Ratto)

domingo, 16 de agosto de 2009

O SILÊNCIO DE UM EGO

"Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos." (René Descartes)

Tô tentando, cansando, desencanando, acomodando, apanhando, tropeçando, desistindo, constatando, perdendo, amargando, despencando, lamentando, pressentindo, desanimando, empacando, quebrando, perdendo, desabando, percebendo, renegando, caindo, engatinhando, arrastando, coexistindo, desgastando, titubeando, bloqueando, desmanchando, involuindo, descartando, ralando, dependendo, pipocando, capengando, protelando, anoitecendo, pensando, desvendando, invejando, desmilinguindo, requentando, encerrando, naufragando, enrustindo, acordando, desacelerando, sofrendo, suportando, desmembrando, subvertendo, batalhando, atrasando, engasgando, escorregando, arriando, entristecendo, afunilando, esmorecendo, abdicando, refletindo, murchando, caçando, vagabundando, duvidando, fingindo, enterrando, pastando, definhando, empobrecendo, elucubrando, reavaliando, compreendendo, batalhando, inventando, empoeirando, desleixando, perecendo, agüentando, rodopiando, afundando, desconsiderando, enfurecendo, desesperando, atrofiando, engolindo, dilacerando, adoecendo, despencando, estremecendo, amarelando, medicando, regredindo, despertando, mudando, digerindo, encarcerando, parando, substituindo, silenciando, esfriando, insistindo, radicalizando, vadiando, desequilibrando, exasperando, sucumbindo, agonizando, sobrevivendo, sonhando... enfim, envelhecendo.


Postado ao som de “O Leãozinho” (Caetano Veloso)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PROMESSA É DÍVIDA

"Criar é dar forma ao próprio destino." (Albert Camus)


Voltei a compor. Devagarinho vou voltando a mexer com isso. Prometi pra vários alunos que musicaria suas letras e aos poucos vou conseguindo criar melodias e harmonias. A primeira foi “Confusa”, com letra de uma amiga da Larissa, que já coloquei no youtube e já tá até sendo arranjada pra violão, guitarra e baixo. Hoje rolou um ensaio com essa música e as meninas do “X Women” mandaram bem. Larissa, Ianca e Gabriela passaram a aula trabalhando nesse som com meu irmão. Me empolguei e fui pra bateria pra tentar criar algo diferente mas acabei não definindo a levada. Mas tá ficando bem legal e a música tá crescendo. Larissa acertou o tom pra cantar e já incorporou bem a canção. Depois dessa quero ver se consigo fazer músicas pras letras da Larissa, Andréia, Ingrid, Felipe, Gabriela e de mais uma moçadinha esperta que tá chegando. Até o final do ano pretendo montar duas coletâneas com esse material. Uma só de voz e guitarra e outra de voz e teclado. Se não rolar mais nenhum acidente de percurso até lá acho que consigo.

Postado ao som de “You Would Have Loved This” (Tarja Turunen)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

AMIGOS INVISÍVEIS

“Demasiados compositores de nossa época pretendem ser "modernos", sem possuir o dom da originalidade. E não compreendem que todo artista original é moderno por força.” (Heitor Villa-Lobos)


Recentemente fiquei sabendo que o Edgard Scandurra gravou um DVD fazendo um apanhado da sua carreira, desde os tempos do Ira!, banda que fundou e liderou por quase três décadas, até seus trabalhos paralelos e em carreira solo. Edgard foi meu primeiro “guitar hero”, o cara que me influenciou nos meus primeiros solos de verdade e nos primeiros acordes “esquisitos”. Dono de uma técnica peculiar e de um puta bom gosto nos arranjos e nas composições, gravou seu primeiro disco solo há exatos 20 anos. Comprei o vinil “Amigos Invisíveis” na época do lançamento e guardo com carinho até hoje. Ouvi tanto esse disco que tenho de cabeça até hoje as guitarradas e letras que esse grande mestre canhoto produziu. Esse disco me marcou profundamente e embalou meus primeiros meses em Sampa. Tirava tudo de ouvido, desde temas instrumentais como “Benvindo Daniel” até rockinhos e baladas tipo “Culto de Amor”. Assisti alguns vídeos no youtube e me emocionei lembrando dessas músicas. Não sei se esse DVD já tá disponível mas deve ter ficado bacana pelo repertório que inclui clássicos do Ira! e pelos convidados: Fernanda Takai, Zélia Duncan e Guilherme Arantes entre outros. Não vejo a hora de assistir esse show. Quem sabe não me empolgo e volto a estudar guitarra?


Postado ao som de “Choro Pra Criança” (Alessandro Penezzi)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

RUBRO VÉU NO DESPERTAR DE PETER PAN

"O amor não está no outro, está dentro de nós mesmos; nós o despertamos. Mas para este despertar, precisamos do outro. O universo só faz sentido quando temos com quem dividir nossas emoções."(Paulo Coelho)


Fraquejei por não saber

Que o que eu sinto por você

Não é só fogo de palha

Recusei reconhecer

Que ponho tudo a perder

Se a minha razão falha

Abortei logo do peito

O que não será perfeito

O que não fará seu ninho

Neguei que um homem feito

Se quiser tem o direito

De escolher outro caminho

Censurei minha vontade

Por não ser necessidade

De suprir o meu sustento

Isolei a vaidade

Que voltou a ser verdade

Por causa desse momento

Necessitei ti rever

E fui feliz ao reviver

Fantasias de criança

Evitei não ti perder

Mas só poderei ti ter

Numa saudosa lembrança


Letra escrita em 2002 que fala de paixão, carência, amor proibido, equilíbrio... O nome da musa inspiradora desses versos tá embutido na letra e se alguém sacar qual é comenta aqui.


Postado ao som de “Don’t Stop me Now” (Queen)

domingo, 2 de agosto de 2009

DESCOBERTAS

"Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria, isso pra mim é viver." (Djavan)


Hoje o dia amanheceu ensolarado e eu comemorei. No meu intimo festejei muito porque já não agüentava mais dias cinzentos me arrastando mais pra baixo. O sol me dá motivação, me passa uma energia legal, e aí quando lembro daquela letra do Jota Quest respeito mais ainda o grupo que com um texto tão pequeno falando o óbvio consegue traduzir um sentimento, uma esperança de que dias melhores virão. Comemorei também o aniversário do Mauro. Ele tá fazendo cinquentinha mas tá com um pique de garoto. O moço faz aula com meu irmão desde o início do ano e já virou nosso sócio. Trouxe com ele sua filhota Stefanie e o namorado dela, o Lucas. Pessoal bacana que tá sempre aberto pras nossas viagens com a música. Cada dia que passa admiro mais esse trio. E foi com eles que passamos o domingo. Nesse clima quente tivemos a oportunidade de desfrutar de um fabuloso churrasco em sua residência e a honra de compartilhar com seus familiares e amigos momentos divertidos e inusitados. Além de mim, foram também meu irmão e o Henrique, o professor de sax e canto. Fomos convidados pra agitar a festa e fizemos um barulho daqueles de deixar qualquer banda de garagem com dor de cotovelo tamanha bagunça e notas na trave. Como nosso baterista não pode ir nós três ficamos nos revezando nos instrumentos e por isso nenhuma música saia redonda. Mas o importante é que brincamos, descontraímos e pudemos tocar sem a preocupação e a responsabilidade de não errar. E isso é que fez nosso domingo diferente e especial. O Henrique ficou experimentando levadas na bateria e acabou descobrindo que também sabe fazer uma graça por ali. Ficou todo bobo. Também empunhou um contrabaixo e saiu tocando mesmo sem nunca ter colocado as mãos nesse instrumento. Já meu irmão desencanou um pouco da música e por uns instantes foi jogar sinuca. Naturalmente não se deu muito bem mas foi engraçado ver o mano brigando com o taco. Enquanto ele tentava encaçapar algumas bolas eu me deliciava com um karaokê. Depois de vinhos, caipirinhas e uísques, soltei a franga no microfone e fiquei quinem criança com meu novo brinquedinho. Além de encrencas como “Flor de Lis” do Djavan, “Deixa Chover” do Guilherme Arantes ou “Saigon” do Emílio Santiago, cantei em dueto com o Henrique alguns clássicos sertanejos, solei canções de ídolos como Legião, Lulu Santos e Roupa Nova e até arrisquei um Queen, pagando um mico, é claro. Mas como diria o grande mestre Jorge Benjor: foi “tudo em nome da alegria, tudo em nome do amor!” Adorei tudo, da recepção, passando pelo rango até a simpatia de toda moçada gente fina que tava por lá. Queria deixar registrado aqui meu agradecimento a esse cara incrível chamado Mauro que nos proporcionou um ótimo dia e fez com que a gente se descobrisse um pouco mais. E se o Henrique percebeu que tem o jeito pra tocar baterista, se meu irmão se permitiu brincar num jogo de sinuca, descobri que sou um grande cantor de karaokê e confirmei o que eu já desconfiava: eu sou bipolar!


Postado ao som de “Forever” (Chris Brown)

sábado, 1 de agosto de 2009

ENTRE MORTOS E FERIDOS

“Socorro, alguma alma mesmo que penada, me empreste suas penas, já não sinto amor nem dor, já não sinto nada. Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha. Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa que se sinta, tem tanto sentimento, deve ter algum que sirva” (Arnaldo Antunes)

Marcada por vários acontecimentos inéditos e desagradáveis que se sucederam nos últimos dias, a semana passada foi meio confusa e tensa na escola. Tive que tomar decisões, abordar certos assuntos e lidar com situações novas, algumas que nunca pensei que fosse mexer. E com a saída de alguns professores e alunos, me vi num dilema: se uma parte de mim achou melhor cada um seguir o seu caminho, a outra parte vai sentir saudade dessas pessoas que serão sempre lembradas através da música, ora com fotos, ora com vídeos, e que, de uma forma ou de outra, ajudaram a escrever a história da nossa escola. Mas o relacionamento humano é assim mesmo. É como um casamento que se desgastou ou como um namorico que não deu certo. C’est la vie.


Postado ao som de “Não Amo Ninguém” (Barão Vermelho)