sexta-feira, 12 de junho de 2009

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo” (Walter Franco)

Aproveitei esse feriado pra voltar a organizar um pouco das minhas coisas. Dei uma geral aqui em casa: arquivei um monte de pastas com partituras, letras de músicas e mais um monte de anotações. Já fazia algum tempo que isso tava me incomodando mas acho que perco a noção de que acumulo mais atividades do que consigo dar conta e acabo me culpando quando não deveria. Outra coisa que consegui fazer foi voltar a escrever nesse blog. Aproveitei pra voltar no tempo, lembrar da audição dos alunos e tentar contar um pouco do que foi aquilo. Quebrei a cabeça mas acho que consegui passar no meu texto um pouco do que foi aquele domingo. E voltando a escrever novamente percebi a dificuldade que tenho de expressar de uma forma simples o que as vezes dá pra colocar em poucas linhas. Isso provavelmente é o motivo real de não comparecer aqui com a freqüência que deveria, como um autêntico blogueiro. É a merda do perfeccionismo, quero escrever de uma forma clara mas ao mesmo tempo bacana, sem atropelos, sem vacilos. Maldito orgulho. E talvez querendo passar um lado jornalístico que não tenho ou me dirigindo somente a algumas pessoas quando eu deveria escrever pensando que muita gente diferente vai ler, não só alunos, amigos, pais, mas pessoas de vários lugares, setores da música e até fora dela, porque não? Senão agora quem sabe algum dia, num futuro não tão distante. Mas me esqueço disso e ai acabo descambando pro lado pessoal, jogando minhas opiniões sobre certos episódios ou situações, o que na verdade acho que não interessa a ninguém. Mas preciso falar. Falar dos outros, falar de mim. Nesse tempo que fiquei afastado do blog percebi que fiquei mais viajandão no mau sentido. Deixando de escrever, deixo de refletir sobre meu dia a dia, sobre mim, e acabo me abandonando de certa forma. Tenho uma necessidade de anotar tudo o que acontece no meu cotidiano, pelo menos coisas significativas. Marco tudo: alguma aula diferente, alguma visita interessante, algum telefonema marcante, algum aborrecimento, alguma pessoa nova que conheci, alguma merda que falei, alguma mágoa, algum pensamento ou sentimento diferente... Mas tudo em forma de títulos pois não dá pra ficar esmiuçando sobre cada tema pela falta de tempo e paciência. Jogo tudo numa agenda de compromissos e acaba funcionando como aqueles velhos diários. Aí venho aqui, seleciono o assunto e tento desenvolver. É saudável porque fazendo a retrospectiva a gente acaba percebendo certos detalhes nas situações que na hora que ocorreram passaram batidos. E é ai que vou me descobrindo. Às vezes é bom, às vezes é ruim. Mas sem escrever, sem esse exercício diário de voltar um pouco pra dentro de mim, notei que tava largado, meio sem noção, Joselito mesmo. Fiquei desleixado sem conseguir resolver tarefas simples da escola e de casa, minhas piadas ficaram mais sem graça do que já são, vieram pensamentos em coisas que não faziam sentido e alguns sentimentos esquisitos que há tempos não me perseguiam começaram a se manifestar mais forte. Fiquei preocupado. Na verdade continuo porque ainda tô meio fraco. Mas voltando a escrever, volto a auto observação e a tendência é voltar a me equilibrar e ficar mais alerta. Mas não me sinto confortável. Nunca mais tinha me sentido desse jeito. Consigo entender e explicar quase tudo mas na hora de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima a coisa toda muda de figura. Preciso escrever um livro? Preciso de terapia? Pode ser. Mas o que preciso mesmo é dar muitas aulas pra pagar minhas contas.

Postado ao som de “Azul da Cor do Mar” (Ed Motta)

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