quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

SAUDADE

"Eu sabia que não podia ser Little Richard, mas pelo menos eu poderia ser um dos seus saxofonistas, pensei. Assim pedi a meu pai para emprestar dinheiro para comprar um sax. Foi assim que eu comecei." (David Bowie)


Hoje nosso professor de saxofone começou a dar aula pra um rapaz que tá tão pilhado pra aprender que agendou logo duas aulas semanais. O moço tem bom gosto e conhece bem clássicos do nosso cancioneiro. Tomara que não seja fogo de palha. Como seu repertório é pedreira e o saxofone é um instrumento que requer muita dedicação, acho que o cara vai ter que ralar. Sei o que tô falando porque já penei com esse instrumento. Meu primeiro contato com ele foi em 2006 quando uma aluna de contrabaixo me emprestou um. Ela ganhou de presente mas como não se identificou com o som e o instrumento tava parado... Apanhei muito pra tirar um som dele mas depois de meia hora soprando o danado consegui fazer um barulho. Depois disso peguei o jeito e a coisa fluiu rapidamente. Como eu tocava de ouvido não me preocupava muito com a transposição nem com a técnica. Ia na raça e conforme ia lembrando dos temas ia buscando na orelha cada frase melódica. O que me ajudou muito também foi uma aula que assisti na internet do professor Ivan Meyer. Ali descobri que a digitação não era tão complicada como eu tinha imaginado apesar do jogo de chaves complexo que só falta pedir pra você tocar com o cotovelo ou com a orelha direita. Mesmo praticando somente de vinte minutos a meia hora por dia acabei me surprendendo com o resultado: em três meses consegui brincar com algumas músicas e até canções com melodias difíceis como Wave do Tom Jobin saíram. Mas eu me divertia mesmo era tocando riffs de clássicos como o Tema da Pantera Cor de Rosa, Ska do Paralamas, I Feel Good do James Brown ou Sossego do Tim Maia. Infelizmente fiquei sem tempo e depois sem graça de continuar com o instrumento emprestado sem poder estudar. Entreguei pra minha aluna e desde então nunca mais toquei. Porém hoje matei um pouquinho a saudade. Antes da sua aula o professor Henrique me emprestou seu instrumento (um sax alto em Eb) e eu me deliciei. E não é que a embocadura e parte da digitação vieram de cara! É incrível como a gente não perde essas coisas. Você fica anos sem mexer num instrumento e quando retoma a informação tá lá bem guardadinha numa parte do cérebro. É claro que depois de 2 anos sem mexer não sobrou nenhuma música pra eu tocar. Como não lembrei de nada apelei: pedi pro meu irmão me acompanhar e aí mandei a primeira parte do Samba de Uma Nota Só.


postado ao som de “Strani Amori” (Renato Russo)

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