terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AMBIGUIDADE

"O punk nasceu de uma maneira bem pouco musical. Eu estava andando com minha camiseta 'Eu odeio Pink Floyd' e fui convidado para ir à loja Sex de Malcom Mclaren. Como não sabia cantar, fiz mimícas de uma música do Alice Cooper." (Johnny Rotten)


Ontem na saída da escola nos encontramos com duas figuras marcantes que já tem a sua história dentro da nossa escola: o casal Tatão e Laís. A Laís, que foi aluna de violão do meu irmão por quase um ano, só parou porque não tava conseguindo conciliar a escola e a música, mas disse que volta em breve. A garota simpática e tímida com seu jeitão de moleque, olhar de pidona e semblante de princesa adora Green Day e Legião Urbana e é uma menina cativante. Me parece ser daquelas pessoas que vestem a camisa quando você precisa dela ou a convida pra participar de algum evento. Pelo menos foi assim quando logo nos primeiros meses de aula ela deu uma canja naquele barzinho onde tentamos uma parceria. Tocou quinem gente grande e não tava nem aí pra torcida. Adorei e provavelmente na próxima bagunça devo chamar a guria.

Demetrius, o Tatão que é como gosta de ser chamado, conheci em 2004 quando foi estudar comigo numa outra escola. A química entre a gente rolou tão rapidamente que logo na segunda aula o cara já veio me confidenciar coisas da sua rotina. Apesar de ora irreverente, ora ranzinza, aos poucos fui me acostumando com essa figura difícil de lidar justamente por ser um sujeito transparente e autêntico mas orgulhoso e radical. Nos tornamos companheiros por causa das coincidências nas opiniões e visões do mundo, da sociedade, do ser humano, das mulheres... Exceto na música. Enquanto eu pedia pra ele ouvir, tocar e experimentar novas sonoridades ele insistia em ficar somente com seu Pink Floyd. Nos dois anos que estudou comigo praticamente 99% do repertório era Pink Floyd. Acabei descobrindo muita coisa da obra dessa banda maravilhosa mesmo eu já tendo até passado pelo Ummagumma. Ele era tão desencanado de outras bandas que me deu de presente sua camiseta do Led Zeppelin e um cd do Radiohead. Cara louco! E não é que pra minha surpresa nesse último encontro descobri que o menino mudou da água pro vinho! Montou uma banda pra trabalhar com suas composições, cortou o cabelo tipo moicano, anda ouvindo grunge, rock and roll e até Sex Pistols! Vai entender. As idéias radicais continuam, as camisetas com palavras de ordem também mas o coração... Adorei saber que depois que meu irmão apresentou a Lais pra tocar em sua banda, os dois se deram muito bem não só musicalmente. Estão namorando há um mês e espero que essa parceria vá longe. Torço também pra que ela convença ele a tirar aquele corte horrível no cabelo. As pessoas mudam. Ele não mudou? Pelo menos musicalmente.


postado ao som de “Dias de Luta” (Ira!)

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