Hoje apareceu um sujeito na escola me perguntando se eu tinha algum aluno de teclado ou violão que soubesse solar pra trabalhar com ele. Perguntei seu estilo e ele me disse que só cantava música sertaneja. O rapaz, que se chama Sobradinho, contou que já tinha gravado um CD com uma boa produção, que tava divulgando em alguns lugares e até tinha feito programa de TV. Enquanto ele falava eu prestava atenção no seu jeito de se expressar e nas coisas que ele falava pra tentar perceber algum furo ou pescar algum exagero. Comecei a gostar do jeito do cara e das coisas que ele falava porque me passou naturalidade e em nenhum momento saquei que ele contava vantagem pra me impressionar. Comecei a me interessar pelo seu trabalho quando falou das dificuldades que encontra pra divulgar sua música e dos espaços que tem conquistado se apresentando duas ou três vezes por semana. Quer dizer, o rapaz tá com o pé no chão e eu me identifiquei com ele. Quando lhe falei que naquele momento não me lembrava de nenhum aluno com nível pra trabalhar no seu projeto e que se ele topasse eu poderia fazer uma experiência e tentar aprender seu repertório, ele ficou cabreiro e disse que preferia aluno. Acho que tava com medo de ter um professor no seu grupo por causa da arrogância e dos preconceitos que esse tipo de profissional tem. Falei pra ele que se seu trabalho fosse sério eu vestiria a camisa porque tô ocioso, tô seco pra tocar e cair na estrada pra mim sempre vai ser um aprendizado, além de descolar uns trocados pra comprar um instrumento melhor. Ele me perguntou o que eu conhecia do repertório sertanejo e eu fui logo falando que não era especialista no assunto mas que apesar desse estilo não fazer parte de minha formação eu conhecia bastante coisa de música tradicional, o sertanejo autêntico, a velha música caipira. Ele se empolgou, disse que era justamente esse seu forte por que não gostava das duplas mais novas. Puxamos “Chalana”, toquei de ouvido a harmonia e fiz a segunda voz lembrando da primeira parte da letra. Ele abriu um sorriso e disse que ficou arrepiado. Mais tarde ele me trouxe uma cópia de seu Cd e uma lista com 60 músicas pra eu estudar. Achei legal o desafio e vou encarar numa boa mais uma aventura musical. Será que dessa cartola vai sair coelho?
quinta-feira, 16 de abril de 2009
SOBRADINHO
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