quinta-feira, 16 de abril de 2009

SOBRADINHO

Se você gosta, vá em frente. Apenas diga sim." (Robert Smith)

Hoje apareceu um sujeito na escola me perguntando se eu tinha algum aluno de teclado ou violão que soubesse solar pra trabalhar com ele. Perguntei seu estilo e ele me disse que só cantava música sertaneja. O rapaz, que se chama Sobradinho, contou que já tinha gravado um CD com uma boa produção, que tava divulgando em alguns lugares e até tinha feito programa de TV. Enquanto ele falava eu prestava atenção no seu jeito de se expressar e nas coisas que ele falava pra tentar perceber algum furo ou pescar algum exagero. Comecei a gostar do jeito do cara e das coisas que ele falava porque me passou naturalidade e em nenhum momento saquei que ele contava vantagem pra me impressionar. Comecei a me interessar pelo seu trabalho quando falou das dificuldades que encontra pra divulgar sua música e dos espaços que tem conquistado se apresentando duas ou três vezes por semana. Quer dizer, o rapaz tá com o pé no chão e eu me identifiquei com ele. Quando lhe falei que naquele momento não me lembrava de nenhum aluno com nível pra trabalhar no seu projeto e que se ele topasse eu poderia fazer uma experiência e tentar aprender seu repertório, ele ficou cabreiro e disse que preferia aluno. Acho que tava com medo de ter um professor no seu grupo por causa da arrogância e dos preconceitos que esse tipo de profissional tem. Falei pra ele que se seu trabalho fosse sério eu vestiria a camisa porque tô ocioso, tô seco pra tocar e cair na estrada pra mim sempre vai ser um aprendizado, além de descolar uns trocados pra comprar um instrumento melhor. Ele me perguntou o que eu conhecia do repertório sertanejo e eu fui logo falando que não era especialista no assunto mas que apesar desse estilo não fazer parte de minha formação eu conhecia bastante coisa de música tradicional, o sertanejo autêntico, a velha música caipira. Ele se empolgou, disse que era justamente esse seu forte por que não gostava das duplas mais novas. Puxamos “Chalana”, toquei de ouvido a harmonia e fiz a segunda voz lembrando da primeira parte da letra. Ele abriu um sorriso e disse que ficou arrepiado. Mais tarde ele me trouxe uma cópia de seu Cd e uma lista com 60 músicas pra eu estudar. Achei legal o desafio e vou encarar numa boa mais uma aventura musical. Será que dessa cartola vai sair coelho?

Postado ao som de “Princesa” (Ludov)

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